Nestas semanas, reparei nas salas de aulas vazias e no refeitório que, sem gente, parece abandonado ao tempo. Se a memória dulcifica as experiências passadas — e nem todas na escola foram boas, longe disso — o silêncio daqueles espaços, quando esvaziados, permaneceu-me doloroso. No regresso cinzento e monótono a Lisboa, já sem eles diante de mim, pude então recuar trinta e seis anos.
E lembrei-me tão intensamente dos meus professores, que julguei vê-los de novo. Alguns factos podem explicar, para lá das salas e dos refeitórios vazios, esta rememoração: vejo, quase todos os dias, uma escola onde fui estudante, uma pessoa que muito estimo foi meu professor e também eu me tornei num.O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.