, o investigador que a faz: “Os portugueses nunca foram somente um ‘povo-vítima’.” Uma resposta que, por não poder ser definitiva – nem agora nem depois, entra pelo domínio do senso comum como uma luva. Oliveira Marques, um dos historiadores que em primeiro lugar estudou as oposições ao regime , costumava dizer nas suas aulas uma outra “verdade” que também não saía do mesmo domínio do senso comum: “As pessoas tinham de viver.
Ignorar que a Ditadura fascista teve apoiantes convictos e apoiantes oportunistas seria negar a evidência mais evidente. Nem o regime teria durado 48 anos se não conseguisse criar “vagas de consenso” em períodos fulcrais da sua existênciaNão tenhamos dúvidas sobre a atitude do povo português: só não houve mais portugueses a manifestar-se contra a violência da PIDE por receio da violência da PIDE.
E, neste sentido, também as suas apressadas suposições de que foram poucos os “reprimidos” e muito poucos os que se “levantaram contra a PIDE” são pontos de partida ilusórios. Simpson ignora o silêncio forçado dos oprimidos.
Há de tudo, os que foram cúmplices e os que foram vítimas. A maioria dos portugueses não foi uma coisa nem outra, porque a ditadura não foi o terror que agora lhe atribuem.