Maílson da Nóbrega: Más notícias para a política econômica estão vindo do Congresso
São preocupantes propostas de estender o auxílio emergencial e criar restrições à privatização, candidatos favoritos a eleger-se para as mesas do Congresso
PublicidadePublicidadeO ministro da Economia, Paulo Guedes, tem motivos para se preocupar com o futuro da política econômica. Declarações feitas hoje, 21, pelos candidatos favoritos nas eleições para as mesas do Congresso,
Arthur Lira(Câmara) eRodrigo Pacheco(Senado) indicam que ambos apoiariam uma expansão fiscal que pode ser insustentável ou criariam dificuldades à privatização.Lira manifestou-se favorável à extensão do auxílio emergencial por mais seis meses. Disse que haveria uma revisão do cadastro de beneficiários, tornando-o “mais polido”. Calculou que “dentro do teto, o mercado aceitaria” um gasto mensal de R$ 20 bilhões a R$ 50 bilhões, ou seja, entre R$ 120 bilhões a R$ 300 bilhões. Acontece que a margem existente no teto é de apenas R$ 92 bilhões para todos os gastos discricionários em 2021. Considerando-se despesas inevitáveis, essa margem deve estar abaixo de R$ 50 bilhões (ou menos).
O senador Pacheco também se mostrou sensível à restauração do auxílio emergencial. Afirmou que “o teto de gastos não pode ser intocado em momento de necessidade”. E complementou: “a rigidez do teto pode ser relativizada; vamos trabalhar para que não o seja”. O senador se manifestou também sobre a privatização. Para ele, “não podemos entregar patrimônio a qualquer preço”, sem perceber que a venda de estatais ocorre mediante leilões competitivos. headtopics.com
Essas questões são muito delicadas e podem gerar incertezas. Como se sabe, o teto de gastos é a âncora fiscal do país. Sua flexibilização pode detonar uma crise de confiança com sérias repercussões, inclusive fugas de capital. As consequências seriam a disparada do dólar, aumento de pressões inflacionárias e altas de juros. A recuperação econômica em curso poderia ser abortada. No caso das privatizações, a exclusão da Eletrobrás e visões equivocadas sobre o processo de venda podem determinar o fracasso final do programa. Não à toa, as ações da Eletrobrás caíram hoje na Bolsa de Valores (B3).
Tudo indica que o agravamento da pandemia e pressões políticas podem tornar inevitável a extensão do auxílio emergencial. Mas não é fácil ir adiante sem ameaças sérias ao teto de gastos. A medida requer conhecimento da situação, perícia técnica e habilidade de comunicação. O ministro da Economia tem razões para se preocupar e tentar desarmar essas pautas-bomba.
Consulte Mais informação: VEJA »Um ano de Covid-19 em São Paulo | São Paulo | G1
Eh a mistura do danton Melo com mocotó. Normal. A classe política só pensa em poder e impunidade.