Em maio, encerrei uma palestra sobre a Amazônia e a criação de futuro, na universidade de Harvard, nos Estados Unidos, afirmando que a esperança, assim como o desespero, é um luxo que não temos. Com um planeta superaquecendo, não há tempo para lamentações e para melancolias. Precisamos nos mover, mesmo sem esperança.
“Nossa casa está em chamas. Eu não quero a sua esperança, não quero que vocês sejam esperançosos. Eu quero que vocês entrem em pânico, quero que vocês sintam o medo que eu sinto todos os dias. Eu quero que vocês ajam, que ajam como se a casa estivesse em chamas, porque ela está”. Ao dizer que não têm esperança e que não querem dar esperança para ninguém, muito menos para aqueles que são em grande parte responsáveis pelo legado de um planeta exaurido, os adolescentes demonstram uma aguda intuição. Eles recusam o discurso hegemônico e também a ideia de um discurso hegemônico.
Posso imaginar o quanto deve ser assustador ter como pais a minha geração e a geração imediatamente anterior a minha, que me parece ainda mais entorpecida porque mais mimada pelo suposto “direito” de consumir. Essas crianças e adolescentes veem a casa queimando, sentem o calor do fogo e o gosto acre da fumaça tóxica invadindo os pulmões. E os pais lá, cuidando de outros assuntos.
Dito de outro modo. O que testemunhamos é uma nova forma de pensamento adaptada à nova realidade do planeta. Minha hipótese é que testemunhamos uma adaptação à emergência climática. Produzida em nível subjetivo, essa adaptação está produzindo acontecimento no planeta.
Os populistas de extrema direita negam o aquecimento global porque morrem de medo da criação do comum Essa passagem me evocou de imediato essa nova geração de ativistas do clima que ainda está no que chamamos de puberdade. Essa nova geração que não é apenas “nova” porque nasceu neste século, mas que é nova porque reivindica o novo, porque mais do que reivindicar o novo “é” o novo.
Mas a história não tem fim enquanto temos memória. E então eu, como outros, temos nos dedicado à memória. Percebi ali que me tornara uma outra eu, junto com os outros que também se tornavam eu e outros. Me descobri um eu sem esperança. E descobri que não era triste, tampouco desesperada. Essas oposições já não reverberavam em mim.
brumelianebrum Greta Thunberg ❤
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