Estive há alguns meses na Índia e foi um encontro que me abalou. Não só porque uma parte desconhecida do planeta se alumiou, passando a existir com um apelo irresistível, mas porque a vontade de aprofundar o conhecimento do país me persegue. Através de livros, imprensa, redes sociais, tenho-me mantido próxima da Índia, mantendo acesa a admiração que me despertou a sua gente, cultura, história.
É difícil pôr em palavras o que ali me emocionou e emociona. A hospitalidade, a recepção calorosa, a empatia que os indianos têm; a sua capacidade de se associarem, anteciparem e perscrutarem os ocidentais. O que se descobre numa viagem que nos muda não é tanto acerca do outro, mas acerca de nós mesmos, acerca de nós viajantes, exploradores. Acerca de medos insuspeitos, abertura, flexibilidade.
A Índia é um teste exigente. As suas várias faces desafiam quaisquer generalizações.
Quando contemplamos o esforço individual e colectivo que um país faz para se descolar da pobreza, descobrimos o privilégio que é nascer no Ocidente europeu. A cada dia um indiano ergue-se para uma batalha acérrima agravada pela desaceleração económica que o ameaça . Mais de 60% da população vive com menos de €2 e uma vida activa não dá direito a pensão.