É certo que a suspensão do projecto por ter sido detectada uma “reacção adversa grave” num dos 30 mil participantes no ensaio clínico não é uma boa notícia, mas ainda é cedo para encararmos este solavanco no projecto como uma má notícia que nos tire o sono. Primeiro, porque a reacção adversa detectada pode não ter nada a ver com a vacina. Ainda não se sabe.
Apesar de argumentar que este projecto tem sido pautado por uma grande transparência, Henrique Veiga Fernandes reconhece que também não sabe ainda qual o efeito adverso comunicado. Só se sabe que terá sido um dos participantes no Reino Unido e que se trata de uma reacção com alguma gravidade. Sobre as implicações que este percalço poderá ter na corrida para encontrar uma vacina contra a covid-19, o investigador mantêm o optimismo.
. Os ovos não estão todos no mesmo cesto e, dessa forma, maximizamos as hipóteses de sucesso”, assinala o cientista que arrisca dizer que o mundo poderá esperar ter uma vacina no início de 2021.O investigador Miguel Castanho, do Instituto de Medicina Molecular , é menos optimista ou mais cauteloso, se preferirmos.
Mas, até lá, problemas como o que surgiu esta quarta-feira podem acontecer. “O que aconteceu não é surpreendente porque quando se fazem ensaios deste tipo é sempre possível surgirem efeitos adversos que obrigam a fazer uma avaliação intercalar do processo de desenvolvimento de uma vacina. Isso é relativamente comum”, concede.
No caso dos fármacos, os efeitos secundários são praticamente uma inevitabilidade , mas com as vacinas isso não pode ser assim, diz Miguel Castanho. As vacinas são administradas a pessoas saudáveis e não podem fazer mal a ninguém, antes pelo contrário. As vacinas são a nossa defesa.
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