“Depois falamos”, promete pouco tempo antes das portas do grande auditório se abrirem. Para lá encaminha-se o público do festival que conta com alguns ex-moradores, agora espalhados por vários bairros camarários da cidade. As torres do Aleixo já não estão de pé desde o ano passado. Mas quando se pergunta a muitos dos que lá viveram de onde são, a resposta continua a ser a mesma: “Somos do Aleixo”.
Há nesta referência também um regresso às origens. Da Ribeira, onde se passa a cena do clássico do cinema português, nasceu o Aleixo, no início da segunda metade da década de 1970, na linha do mesmo rio, mas a vários quilómetros de distância, numa zona da cidade distante de tudo o resto e num terreno escondido, a chegar à zona nobre da Foz, onde até à altura ninguém se tinha lembrado de construir habitação.
Talvez fosse necessário entrar na casa de quem lá vivia para se perceber que as excepções não fazem a regra. E não é nessas excepções que o filme se foca. Mas sim na regra. O filme conta a história da Luísa, da Maria João, da Helena, do Israel, da Antonieta, do Zé da Bina e de muitos outros que resistiram até à última para ali continuarem a viver.
Noutra cena, com as casas já vazias, escreve-se numa parede: “Os pobres não têm direito a olhar para o rio”. A autora desta frase é Luísa Ferreira, que após o filme recuperava da emoção que sentiu ao regressar ao passado. Cumpriu o prometido e falou com o PÚBLICO. ”Tivemos de recordar muita coisa. As nossas origens, as nossas raízes. Custa muita”, atira. “É triste ver que depois disto tudo o terreno está ali abandonado.
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