A programação da BBC na década de 70 foi talvez o ponto alto do planeamento central aplicado à produção artística. Dez anos de burocratas e funcionários públicos a distribuírem baldes de dinheiro público por dramaturgos avariados dos cornos para que estes ocupassem os horários nobres com as as suas alucinações.
O realizador foi Alan Clarke, até então especialista em dramas neo-realistas, e o seu estilo quase documental acaba por tornar as cenas mais alucinatórias deextremamente naturalistas. Numa delas, o jovem protagonista acorda de mais um sonho erótico sentindo uma presença no escuro. Ao abrir os olhos, encontra uma criatura grotesca sentada no seu peito.
Um dos melhores e mais esquisitos exemplos de como o desconhecimento pelas normas e tradições de um género cinematográfico específico pode ajudar a fazer um objecto único.
O filme é, mais ou menos, uma história de mortos-vivos, mas, na sua desorganização, acaba por funcionar como uma metáfora para"mudança" mais plausível do que os filmes muito superiores que exploram os mesmos temas : o que acontece é gradual, e a deterioração da anterior normalidade é tão lenta que as vítimas nunca chegam a perceber a diferença entre as duas condições.
Muito do que é bom no filme parece ocupar o território indefinido entre intenção e acidente. O efeito de desorientação vem da precariedade geral do projecto: o de estarmos perante algo que opera de acordo com regras, mas regras que só parecem óbvias a quem está lá dentro, e que podem parecer absurdas quando vistas do exterior.
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