Mesmo com ameaça da ERC, dona da TVI aprova nova administração presidida por Mário Ferreira
Por “unanimidade”, todos os acionistas presentes na assembleia-geral da Media Capital deram luz verde à nova administração e aos novos estatutos. ERC tinha avisado que podia não reconhecer decisões tomadas
(ERC), os acionistas da Media Capital aprovaram a designação do novo conselho de administração, que passa a ser encabeçado por Mário Ferreira. A autoridade dos media tinha pedido para que não fossem tomadas deliberações que pudessem vir a ser revogadas no caso de concluir que a entrada do empresário na dona da TVI, realizada em maio, foi contra a lei da televisão e a lei da rádio.
Em comunicadoà Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Media Capital informa que na assembleia-geral, realizada na manhã desta terça-feira, 24 de novembro, “foram aprovadas por unanimidade” as deliberações que alteram os estatutos e que designam os novos órgãos sociais.
A reunião dos acionistas aconteceu (e deliberou) apesar da ameaça da ERC, no final de segunda-feira, de que qualquer decisão aí tomada que afetasse matérias sob a sua competência (como alteração do domínio sobre as licenças de televisão e rádio atribuídas) não seria reconhecida. A autoridade liderada por Sebastião Póvoas tinha pedido até que os órgãos sociais da Media Capital, em especial o presidente da mesa (até aqui, Nuno de Deus Pinheiro) não deviam permitir a realização da reunião já que as decisões tomadas podiam vir a ser revogadas na sequência do processo de contraordenação que tem em curso contra Mário Ferreira e a Prisa. headtopics.com
A ERC diz que há “forte possibilidade de concluir que o negócio em análise, de compra e venda de participações sociais no Grupo Media Capital, seja considerado contrário à Lei da Televisão e Lei da Rádio, por falta de autorização de alteração de domínio”. Consequentemente, o negócio entre a Prisa e Mário Ferreira, em maio passado, pode ser “considerado nulo” ou anulável, e há, por isso, incerteza sobre quem é que são os efetivos donos da Media Capital, segundo a entidade.
A Pluris, de Mário Ferreira, contestou o entendimento da ERC, dizendo que faz uma leitura sem base legal,, e criticando também o calendário da notificação.Lucílica MonteiroQuem faz parte da nova administraçãoCom a deliberação desta terça-feira, Mário Ferreira, o representante do maior acionista da Media Capital (embora, com a posição de 30% do capital, a Pluris Investiments se assuma como minoritária), foi eleito presidente de um conselho de administração com nove membros. Como vogal, também surge a sua mulher Paula Dias Ferreira, que é também vice-presidente da Pluris.
O cargo de vice-presidente da administração da empresa que, além da TVI, é detentora das rádios Comercial e M80 e da produtora Plural, cabe ao empresário de Leiria Paulo Gaspar, que, através da empresa familiar Triun, é dono de 23% do seu capital. Paulo Gaspar é administrador do Grupo Lusiaves, presidida pelo seu pai, Avelino Gaspar, que também é proposto para vogal da Media Capital.
Da administração fazem parte ainda João Serrenho, o presidente das tintas CIN (dona de 11,2% do capital da Media Capital), e Rui Armindo Freitas, neste caso, da sociedade que junta vários empresários do norte do país, a Zenithodissey (10%). Miguel Araújo, há anos ligado ao grupo Sonae, também surge como um dos vogais do órgão de cúpula da Media Capital, onde consta ainda Cristina Ferreira, a apresentadora de televisão que é diretora de ficção e entretenimento da TVI (que, quando saiu da SIC, da Impresa, a dona do Expresso, já tinha prometida a passagem a administradora). A sociedade que tem com o seu pai, a DoCasal Investimentos, é proprietária de 2,5% da Media Capital. headtopics.com
O novo responsável executivo da Media Capital, um homem há muito ligado ao grupo, Luís Cunha Velho, também está no grupo de nove administradores. É ele que assume as rédeas da gestão diária da companhia, acima do diretor-geral Nuno Santos, depois da saída de Manuel Alves Monteiro.
Cristina Ferreira, nova administradora da Media CapitalProposta de mais de 90% do capitalA nova administração foi proposta por acionistas representantes de mais de 90% do capital da Media Capital: Pluris (30%), Triun (23%), Biz Partners (11,9725% - onde está a posição indireta de 1% de Tony Carreira), CIN (11,2%), Zenithodissey (10%), Fitas & Essências (3%), DoCasal Investimentos (2,5%) e Manuel José Lemos (posição inferior a 2%). Todos os investidores entraram este mês na Media Capital já depois do investimento da Pluris.
Fora deste grupo estão, pelo menos, o Abanca (5,05%) e os minoritários com ações dispersas em bolsa (0,26%), que já estavam no capital, e que têm agora oportunidade para alienar as respetivas posições na oferta pública de aquisição que a CMVM quer que Mário Ferreira realize (a autoridade pretende, ainda assim, que a OPA – que o empresário está a analisar – seja lançada sobre 70% do capital, incluindo pelos novos acionistas).