Em 2007, quando a redação do SOL ainda era na Baixa de Lisboa, na rua de S. Nicolau, apareceu-me um dia uma senhora baixinha, bonita, com uns admiráveis olhos verdes, aparentando já uma idade respeitável, que vinha propor um projeto para o jornal. Tratava-se da publicação de cartas de amor de figuras célebres da História.
– A senhora era com certeza a Isabel da Nóbrega. Conheço-a muito bem. É ela que vive com o Saramago. Mais tarde falei com ele telefonicamente e também não houve qualquer empatia entre nós. Comentando o caso com Agustina Bessa-Luís, esta disse-me espontaneamente:Não sei se foi, se não foi. A verdade é que Saramago ganhou o Nobel da Literatura, feito que não é para qualquer um.
Isabel da Nóbrega falou de muitos episódios, como acontece com as pessoas de idade, disse-me que lia muito e continuava a escrever, incitei-a a escrever as suas memórias. Acho que as pessoas públicas devem deixar testemunhos da sua vida. Mas aí ela foi perentória:Insisti, mas ela manteve-se na sua persistente recusa. Percebi que não valia a pena.
– Telefonou uma senhora. Mas parecia que estava a chorar. Disse que era muito urgente –. O miúdo parecia impressionado.– A minha mãe partiu – foram as primeiras palavras de Isabel, ditas entre soluços. – Mas partiu em paz, de mão dada comigo.– Ela disse-me para, quando partisse, não me esquecer de o avisar. Tinha muita estima por si. Dizia que era uma pessoa limpa por dentro.
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