Idosos mais imunes ao medo, jovens mais ansiosos e tristes

“Os mais velhos podem não ter imunidade para o vírus, mas parecem ter mais imunidade para responder a esta situação nova. Relativizam mais, porque já enfrentaram outras dificuldades e passaram por várias crises de saúde pública, como a doença das vacas loucas, a gripe das aves, o ébola.

“O que sobressai [deste estudo] é que os mais velhos não demonstram tanto medo e ansiedade. Parecem estar um pouco imunes e isto é preocupante, porque e[em termos de mortalidade e morbilidade]”, corrobora Sílvia Fraga, que coordena o grupo de epidemiologia social deste instituto. Foram 3432 as pessoas com idades entre os 16 e os 89 anos que participaram neste estudo, , a forma como estão a viver este tempo conturbado, pelo que a amostra não é representativa.

Globalmente, quando inquiridos quanto à avaliação que fazem do risco que correram de ficarem infectados com o novo coronavírus durante a última semana de Março, cerca de 40% consideram que este risco foi “muito baixo”, sem diferenças assinaláveis entre homens e mulheres e grupos etários.

O que se observa também é uma associação clara entre o nível de rendimentos e as dimensões analisadas: as pessoas com rendimentos “mais confortáveis” apresentam níveis decrescentes de medo e ansiedade e de perturbações do sono, além de terem menos dificuldades em lidar com a situação actual e de perderem com menor frequência o controlo sobre a situação.

Os investigadores do ISPUP quiseram ainda perceber se as pessoas sentem esperança em relação ao futuro. A maior parte respondeu que sim - cerca de dois terços disseram que isso aconteceu, ao longo da semana, “muitas vezes” ou “sempre” e “quase sempre”. A este nível, já “é quem tem mais educação que tem menos esperança”, enfatiza Henrique Barros.

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