Eutanásia: “Enquanto há vida há esperança” e vice-versa

Mas, como sempre, a melhor forma de fugir a algo que nos confrange é enfrentá-lo, pelo menos reflecti-lo. Aliás, não há por e para onde fugir a esta questão. Por uma razão muito simples e que, por tão entusiasmante e animadora, contrasta com o quanto deprimente a questão da morte pode ser. A razão é estarmos vivos.

Nesta reflexão, que ainda que só abstracta já é consternadora para toda a gente, é portanto de admitir que surja um lampejo de esperança de fugir ao sofrimento na alternativa, lógica e humanamente compreensível nestas circunstâncias limite, de que, sabendo-se a morte próxima, irremediavelmente próxima, então, a sua antecipação voluntária poderia acabar com esse sofrimento insuportável e irreversível.

Com algumas diferenças entre as propostas legislativas, tais projectos estabeleciam para isso condições muito rigorosas.

Que, sem dúvida, são respeitáveis. Mas que, contudo, não podem ser consideradas razões que possam impedir o prosseguimento de este processo político-legislativo, seja em que domínio for , até porque Portugal é um estado laico.

a decisão sobre a continuação da penalização ou despenalização da morte medicamente assistida a pedido. É indiscutivelmente humano, de respeitar quem, perante alguém, eventualmente alguém Outro muito querido, em estado terminal e irreversível e em notório sofrimento duradouro e insuportável, colocando-se no lugar desse Outro, rejeita intimamente a hipótese de a morte desse Outro ser antecipada, mesmo por vontade deste.

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