Estudante da Praça Tiananmen fala ao Expresso: “Já estive preso duas vezes. Que mais há a temer?”

📆 04/06/2020 02:45:00
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Em 1989 acreditou que a China estava preparada para mudar. Enganou-se. Acabou em primeiro na lista dos 21 estudantes mais procurados pelo Partido Comunista Chinês (PCC), no pós-Massacre de Tiananmen, de que se cumprem 31 anos esta quinta-feira. Dan Wang tinha 20 anos. Perseguido, preso duas vezes e obrigado a exilar-se nos Estados Unidos, onde vive, confessa que anseia voltar. Em entrevista ao Expresso, garante que o silêncio não significa consentimento e acredita que se vivem tempos de viragem. O Ocidente, afirma, acordou para a ameaça que é o regime de partido único na China.

O sonho de ser poeta acabou no dia em que decidiu fazer parte do movimento estudantil que ocupou, durante semanas, a Praça Tiananmen, no centro de Pequim. Depois do massacre, Dan Wang andou fugido durante semanas com a ajuda de amigos, até que as autoridades o encontraram. Preso pela primeira vez em 1991, por quatro anos, em 1995 foi sentenciado a mais 11. Libertado em 1998 por motivos de saúde, com a condição de abandonar o país, exilou-se nos EUA, onde vive.

A 15 de abril de 1989, após a morte do ex-secretário geral do PCC, Hu Yaobang, considerado reformista, estudantes e civis concentraram-se em Tiananmen para pedir maior abertura política, democracia, responsabilização da elite política, que acusavam de práticas corruptas e liberdades, como a de expressão e de imprensa. Com um milhão de participantes, ficou na História como um dos maiores protestos na China moderna.

Diz que nunca ninguém pensou que o protesto acabaria com um massacre. A 18 de maio, o então primeiro-ministro, Li Peng, chega a encontrar-se consigo e outros líderes do movimento, num sinal claro de abertura do regime. Que mudou para que dias depois o Exército estivesse nas ruas? Quando os líderes chineses se reúnem connosco, já tinham mobilizado o Exército. Não sabia disso na altura mas já tinham tomado a decisão de disparar contra nós.É assinante?

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