Partindo de umde 613 cartas de denúncia, 493 cartas de candidaturas espontâneas e 16 petições, dirigidas por cidadãos portugueses a agentes da PIDE, entre os anos de 1958 e 1968, o historiador Duncan Simpson procurou analisar diferentes aspetos da relação da sociedade portuguesa com a política política do Estado Novo, concluindo, através da análise da documentação guardada no Arquivo da Torre do Tombo, que esta foi “sempre muito...
Não fazem, mas mesmo assim há um número de cartas de denúncias que não pode ser negligenciado. Foram geralmente enviadas um pouco depois de 1958, provavelmente porque [os remetentes] esperaram para ver qual era o desenlace daquela situação.
A historiografia em Portugal sempre se focou quase inteiramente na minoria oposicionista e na forma de perseguição que lhe foi aplicada, vendo como única relação entre a população e a PIDE essa mesma repressão, enquanto o resto da população foi renegada para o papel de vítima passiva, paralisada pelo medo. Acho que há várias razões que explicam isso.
Obviamente que se avançou. O discurso imediato do pós-25 de Abril é um discurso ultra-ideológico. Percebe-se muito bem a razão de querer informar a população do que se tinha passado, a vontade de emancipação das memórias das vítimas que tinha sido silenciada durante 48 anos. É uma coisa completamente natural.
“Civicamente é importante lembrar o papel violento e negativo da PIDE, mas esse esforço de memória não pode substituir o trabalho da História. O trabalho da História não está aqui para fazer julgamentos de teor normativo. O historiador está aqui para tentar perceber, sem julgar, neste caso, porque é que o regime durou tanto tempo."Nem todos os candidatos queriam ser agentes.
O que na realidade acontecia, e a população não podia saber, e também fiquei surpreendido com isso, é que a PIDE valorizava imenso estas denúncias espontâneas. Cada vez que recebia uma, mandava um, dois agentes, investigar o caso. Investigava-o seriamente para saber se a pessoa tinha dito alguma coisa contra Salazar ou se planeava uma reunião com um grupo mais ou menos subversivo.
Acho que podemos explicar isso pelo facto de não existir em Portugal aquilo a que se chama o alto grau de saturação policial. Estou a falar especificamente da PIDE. O número máximo de agentes que a PIDE teve foi 1.800, em 1974, no final do regime, mais de um terço dos quais colocados nos territórios ultramarinos. O número de agentes em si sempre mais pequeno em termos relativos do que, por exemplo, na RDA ou na União Soviética.
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