De cabelos negros e vestido branco, Elza cresceu a brincar nas ruas de um Rio longe das mesas do Café Nice, do teatro de revista ou da Praça Paris mas consumida pelos ares da Revolução de 30. A vida de criança, humilde, dividia-se entre os piões de madeira e a ajuda que dava à mãe, acérrima crente, nos trabalhos domésticos. E cantava, fartava-se de cantar. Também isto era profético à sua maneira.
Pouco tempo depois de Elza e Lourdes se unirem, Elza engravidou do primeiro de sete filhos. Tinha 13 anos e, durante cerca de uma década, foi agredida sexualmente em várias ocasiões. Deixou depois essas cicatrizes cravadas num repertório de composições que acabariam por defini-la como a cantora do milénio, em 2000.
Quando as cortinas se desvendaram, Elza foi recebida por uma chuva de risos pelo público e pelo apresentador, que a gozar lhe perguntou “de que planeta você veio, minha filha?” e ela “do mesmo planeta que você, seu Ary, do planeta fome”. Ary Barroso acabou por ficar emocionado com a resposta e deu-lhe um abraço, prevendo que Elza atingisse o estrelato.
Só aos 21 anos, já viúva e depois de ter perdido dois filhos para a fome e ter visto uma filha ser raptada , Elza, com cinco crianças para criar, tornou a cantar mas agora para fazer carreira. Trabalhou inicialmente na Orquestra Garam Bailes e em 1959 foi contratada para a Rádio Vera Cruz após ter vencido um concurso musical.
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