“O criminoso é sempre o coitadinho”; “as forças de segurança em vez de serem apoiadas, são desautorizadas”; “já não somos um país de brandos costumes por isso não podemos ser um país de leis brandas”; o RSI é um “financiamento à preguiça”; “anda-se de arma e RSI na mão”; “os ciganos do rendimento mínimo garantido”; “é óbvio que há uma relação entre imigração descontrolada e aumento de...
As frases transcritas fazem lembrar um partido jovem da nossa democracia que tem andado no centro da discussão política, mas a verdade é que foram proferidas pelo líder de um dos partidos fundadores desta democracia, o CDS-PP.
Que Paulo Portas tenha feito isso, sem nunca atingir um radicalismo que o excluísse do arco do poder, fala da mestria do político, mas também de como os tempos eram outros. Portas não tinha concorrentes para o seu produto político destinado a nichos de eleitores que não encontravam resposta nos partidos ao centro nem à esquerda.
Roubadas as bandeiras aos centristas, em tempos em que o radicalismo rende mais do que o habilidoso jogo de cintura de Portas, o CDS-PP tem nas autárquicas a sua última e remota possibilidade de resistência a partidos que têm ainda uma frágil implantação territorial.