A tragédia que ocorre em Moçambique, sob um silêncio mal disfarçado do mundo, já provocou milhares de mortos e o êxodo de centenas de milhares de pessoas. Às mãos de assassinos impiedosos e imorais e ante um governo que continua a recusar pedir ajuda externa, a população do norte de Moçambique soma às más condições de vida do costume, o elevado risco de morte violenta do momento.
E, neste cenário, a pergunta que importa fazer, também ela política, é: qual a unidade de medida da nossa moral? É a medida moral o número de vítimas? Estimam-se mais de 700 mil deslocados, com condições de vida miseráveis, recordando que a assistência humanitária do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados chega a menos de 10% destas pessoas. Por isso, e diariamente, morre-se de fome, de cólera e de outras doenças. Não há direito a uma vida, quanto mais direito a outros direitos.