Autores de banda desenhada na Feira do Livro de Buenos Aires queixam-se da falta de apoios em Portugal

A dificuldade de obter apoios em Portugal para Banda Desenhada foi falada na Feira do Livro de Buenos Aires, onde a ilustradora Júlia Barata revelou que está a adaptar"Caderno de Memórias Coloniais" com Isabela Figueiredo completamente `pro bono`.

"Gostava mesmo de ter algum apoio. Agora estou num momento particularmente grave, porque em termos de apoio morreu tudo. O Fundo Nacional das Artes, que me apoiou duas vezes, foi uma das entidades que desmantelou, 15 dias após ter tomado posse", contou. São "fundos muito diferentes, que requerem muita documentação. Isso em geral em cinema implica toda uma equipa, neste caso, está tudo sobre mim, e também pinto e faço edição. É delirante", afirmou, especificando que esta novela está em produção há três anos, em ritmo intermitente, porque "requer muita concentração, blocos de horas, uma continuidade, como uma tese de doutoramento, mas em apoios".

"Aqui tive muito mais apoios, com outros governos. Ganhei uma bolsa, um curso no centro cultural da memória e direitos humanos, deram-me dinheiro. Em Portugal não consigo nada", lamentou. Júlia Barata publicou "Gravidez", que já foi também editado em Portugal pela Tigre de Papel, e lançou há cerca de ano e meio outra novela gráfica, intitulada "Família", que tem edição prevista em Portugal ainda este ano.

Filipe Abranches, cujas atuais fontes de rendimento são curtas de animação e um trabalho que está a fazer para um álbum mais `mainstream` para uma coleção da Levoir sobre figuras portuguesas, lamenta a dificuldade da banda desenhada como profissão.

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