“As raspadinhas eram oferecidas de forma quase imposta nos correios. Falta muito esta consciência de que o jogo é perigoso”

“As raspadinhas eram oferecidas de forma quase imposta nos correios. Falta muito esta consciência de que o jogo é perigoso”

A licenciatura ficou pelo caminho e todas as outras dimensões da vida passaram para segundo plano. Não conseguia parar de apostar, nem sequer quando estava a conduzir. Mentia aos pais e aos amigos, inventando mil desculpas para lhe emprestarem mais dinheiro e, aos poucos, viu-se enredado numa espiral de dívidas, de que já não tinha como livrar-se.

Só no ano passado foram feitos 215 mil pedidos de auto-exclusão em Portugal - um número que não tem parado de crescer nos últimos anos, acompanhando o boom das casas de apostas e casinos online. Tal como na dependência de substâncias, o jogo patológico caracteriza-se por uma incapacidade de parar, por maiores que sejam os danos provocados, causando uma adicção que faz descurar todas as outras dimensões da vida. Pelo mesmo efeito de tolerância que acontece no álcool e na droga, o jogador precisa de fazer apostas cada vez maiores para obter as mesmas sensações.

“As raspadinhas eram oferecidas de forma quase imposta nos correios. Falta muito esta consciência de que o jogo é perigoso” “Para os filhos a separação dos pais muitas vezes é um alívio, há cada vez mais casais com divórcios positivos e crianças felizes” “O bebé mais novo que atendi com depressão tinha 4 meses, um caso de abandono, a mãe deixou-o no hospital porque não tinha condições”

“No último ano tive insónias todos os dias, é muito cansativo, acordo e parece que já vivi um dia, e isto afeta bastante o meu humor” "Senti quase alegria ao descobrir que tenho autismo, se pareço esquisito é porque o meu cérebro funciona de maneira diferente"

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