Com exceção de um poste de média tensão descarnado e abandonado que ali permanece, ninguém diria que foi num vale verdejante percorrido por um ribeiro, em Escalos Fundeiros, que tudo começou. “É o sítio mais improvável para começar um incêndio”, atesta Joaquim Sande Silva, olhando em volta.
A limpeza das bermas podia não ter evitado a tragédia, mas passou a ser uma obrigatoriedade tácita, independentemente da existência de planos municipais de defesa da floresta contra incêndios. Num concelho onde 81,4% do território é ocupado por floresta, esta mantém-se maioritariamente desordenada e sem qualquer gestão. “Isto é uma bomba, pior do que em 2017”, assevera um bombeiro, que prefere não ser identificado.
“A estrutura fundiária portuguesa é um caos, mantêm-se as heranças indivisas e nada acontece", aponta Sande Silva. Com 98% da propriedade em Portugal a ser privada e sem se saber a quem pertence metade dela, pelos atrasos no cadastro, este caos é pasto para chamas. E não há meio de o Parlamento legislar sobre prazos para acabar com as heranças indivisas, que se eternizam.
No café de Vila Facaia, o dentista Nuno admite que “o que as pessoas querem é rentabilidade, e se o que dá é plantar eucaliptos, é o que as pessoas plantam”. Ao lado, um amigo que trabalha numa empresa de celulose confirma que, ao terceiro corte, o eucalipto deixa de dar rentabilidade e o terreno fica ao abandono. “Quem tem de apoiar outro tipo de plantações é o Estado”, diz.
Segundo o relatório da AGIF recentemente divulgado, também há mais apoio científico à decisão, na tentativa de mobilizar meios, havendo alertas meteorológicos, e mais profissionalização e melhor articulação entre as forças do dispositivo no terreno. Contudo, Joaquim Sande Silva tem “dúvidas de que as forças no terreno estejam preparadas para algo como o que aconteceu em 2017”.
“No primeiro ano, sentia-me mal sempre que via uma pessoa a sorrir. A minha vida destroçada e toda a gente feliz. Pensava que é uma injustiça. À medida que o tempo foi passando, comecei a pensar ‘Porque é que eu não finjo que estou feliz? Talvez isso me ajude a recuperar.’ Decidi então fazer exatamente isso: fingir que era a pessoa mais feliz do mundo.
A greta nem chorou pelas as almas perdidas.
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