Desde Santana Lopes que não se assistia a tal coisa. E antes dele, com Cavaco Silva. A elite lisboeta é pequena, tacanha, depauperada e sem mundo. Ainda se fossem a Nova Iorque à ópera, a Londres ao Teatro, a Paris buscar caviar, ao Rio de Janeiro pelo charme ou a Viena visitar o quarteirão dos museus, talvez se entendesse. Mas não, limitam-se a rumar em êxodo para o Algarve ou para a Comporta no querido mês de agosto.
Pouco curiosos, pouco viajados, pouco cultos e pouco ricos, ainda assim se juntam para decidir que fulano ou sicrano não merece os favores da República. Desta nossa República cronicamente falida que se socorreu sempre de vagas de sorte ou rapina, fossem as Descobertas, o ouro, os escravos, ou a Europa. Acomodada a quarenta anos de ditadura que fomentou a pobreza, o comodismo e a inveja: não podem ver uma camisa lavada a um pobre.
Tem algumas pessoas que em circuito fechado falam e distribuem as prebendas possíveis, algumas outras que organizam jantares, algumas vagas de colunistas nos jornais e lugares de comentadores nas tvs. Este poder está concentrado nas mãos de poucas pessoas. A sociedade civil, pujante nos países ricos e desenvolvidos, dotada de massa crítica e olhar vigilante sobre o Estado, em Portugal, nem vê-la.
Manda a verdade que se diga que há uma certa tragédia no facto de o nosso ex-Presidente tendo provado desse veneno, não se ter coibido de levantar o copo contra os outros dois presidentes do partido…
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