No final, no Parlamento, recebeu aplausos de todos os partidos menos de um, e fora dele tem recebido mais elogios do que críticas. Todos concordam que foi um discurso muito bem escrito. Mas aqui termina o consenso.
O Presidente da República «procurou meter-se na pele de uns e de outros», ou seja, da esquerda e da direita, considerou outro historiador, Jaime Nogueira Pinto, num recente debate com Fernando Rosas na TVI24. Rosas e Nogueira Pinto concordam que o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa é, de certa forma, um apelo ao fim do absurdo na interpretação da História ou da manipulação histórica, fatores de tensão na atualidade política portuguesa.
«No último ano, ano e meio, e mais ao nível das elites do que propriamente da sociedade, Portugal tem assistido a uma tentativa de radicalização e politização desses temas ‒ não é por acaso que o Chega vai para Guimarães fazer o início da sua campanha eleitoral», mencionou Costa Pinto. Mas a questão não se fica por aqui, pelo Chega.
Para o politólogo, o discurso conciliador e unificador de Marcelo vem numa linha de continuidade de discursos no mesmo tom e no mesmo sentido de anteriores Presidentes, desde o militar Eanes aos civis Soares, Sampaio ou Cavaco. Seja como for, Maltez considera Marcelo Rebelo de Sousa um dos políticos «mais inspirados» de Portugal.