O processo de vacinação em curso é o passaporte para o início da recuperação das economias, progressivamente aliviadas de confinamentos e socialmente normalizadas. Dizem os especialistas que ultrapassada a emergência pandémica e o período de vigilância sanitária, cuja mistura ainda nos angustia, passaremos a conviver com o vírus de forma endémica, habituada e sazonal.
A duração disto é uma incógnita, o que não desmerece os entretantos. E, nestes, há muito em jogo: a vacina transformou-se num instrumento de poder, influência, prestígio e posicionamento estratégico. Se quiserem, deu origem a autênticas superpotências da saúde pública, dando à diplomacia da vacina um cunho que pode ir da salvação gloriosa de terceiros à chantagem por vantagens políticas.
Na última reunião do G7 falou-se muito em falência moral no auxílio à vacinação dos países mais pobres, através da iniciativa multilateral Covax, mas os milhões anunciados de Washington a Bruxelas não preencheram apenas falhas coordenadas na consciência ocidental, responderam diretamente à competição entre quem chega primeiro a África, à América Latina ou ao Sudeste Asiático.
Tradicionalmente, mais de metade da produção de vacinas no mundo tem ali lugar e, no caso da covid, só o Serum Institute of India produz dois milhões e meio de doses por dia. É daqui que vêm as 600 mil doses da AstraZeneca que acabam de chegar ao Gana, o primeiro país a recebê-las através da Covax, ou as 200 mil destinadas a capacetes azuis da ONU, numa operação brilhante de.
Investigador de Polícia 😅😃