Um grupo de jornalistas estreia, no dia 25, no Teatro Constantino Nery, em Matosinhos, uma encenação de"A Noite", de José Saramago, sobre a madrugada de Abril, quando são interrompidos pelo boato da morte do jornalismo, e então tudo recomeça
No palco, está lá tudo: as máquinas de escrever, o velho transístor, o tabaco espalhado, muitas folhas, o telex, a ‘menina’ da agenda, que anda enrolada com o sabujo do chefe de redação, a jornalista idealista, o Torres – o revolucionário, as saias abaixo do joelho, os cabelos presos, os pulôveres aos quadrados, o colete reluzente do senhor diretor e, claro, o senhor engenheiro, o homem do dinheiro.Pelo palco circula a Sara Mago.
O silêncio dura pouco e os atores voltam a si, são novamente jornalistas e falam de algo que não sabem o que é, afinal: “O Marques Mendes não anunciou nada, não houve comunicados, nem chegaram mensagens de WhatsApp”, ouve-se. É preciso saber o que se passa. “É também exercício de autocrítica, sobre que jornalismo nos estão a obrigar a fazer. Há um grito de alerta para a perda de controlo editorial, para as administrações, para os baixos salários, a precariedade. Estamos num período em que o tempo é tão frenético e as condições laborais tão deterioradas que começamos a trabalhar vergados. Nós não queremos trabalhar mais vergados”, salientou o jornalista.
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