“Quem aqui vai participar do concurso?”, pergunta um jovem esguio, de camiseta branca e cabelos loiros curtos, que está sentado com uma peruca sintética verde no colo. Está cercado por dez pessoas em uma sala abafada do subsolo do prédio público. Meia dúzia de dedos de unhas feitas se levantam.
De volta à sala do subsolo, o jovem magro, que parece um menino espichado, é na verdade um professor. E não só isso. Ele é Musa Voncarter, uma drag queen que ficou famosa na noite paulistana por seus looks —um dos mais memoráveis foi quando incorporou as drags do FBI protagonistas da comédia de 2004 As Branquelas.Voncarter está demonstrando para a classe como fazer penteados em perucas e maquiagem.
“Na boate é outro esquema. Falavam: ‘Olha o seu corpo, você não tem corpo pra isso!” André tem 89 quilos distribuídos por 1,79 m. “Também me cobravam que eu fizesse bate-cabelo.” Bate-cabelo é um estilo de dança em que a drag balança a cabeça ao ritmo da música. O movimento vai evolui em todas as direções, como um helicóptero: tudo para mostrar que seu cabelo é natural .
Elis tem um corpo torneado de bailarina e um rosto que, talvez por sugestão do nome, lembra o de Elis Regina. Em 2018, ela estava na plateia do Drag Contest. E em 2019 pretendia ver o show sentada também. Mas seus planos estão prestes a mudar. Penélope, a funcionária do CCJ que acompanha a aula, pergunta se Elis vai participar da competição: “Seu nome já está aqui na lista.” “Sim, porque eu vim fazer a oficina.
Stefany Katz se apresenta e conta como nasceu o personagem que encarna. “Eu comecei obrigada.” Anos, atrás, trabalhava no Burger King e tinha um colega que se montava e insistiu que ela dava para a coisa. “Eu lembro a primeira vez que eu me montei. Coloquei um vestido verde e fui para Tunnel e as pessoas me chamavam de alfação. E me chamavam de macho também, porque meu salto tinha seis centímetros e eu não sabia andar”, ela ri.
Elis chega para a aula. Diz que ainda está em dúvida se vai criar um nome de drag. “Então, eu ainda não tenho nome. Acho que vou me apresentar como Elis Pessotti mesmo. Eu gostaria muito de achar um personagem, mas acho que ainda não rolou.” É a primeira vez que uma mulher cis vai competir —anos atrás, uma participante tentou se inscrever, e pode se apresentar, mas não teve o direito de entrar no páreo. “Eu estou feliz.
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