Escrevo este texto sob impacto de um maio sombrio, de tantas e tantas mortes. A morte do compositor Aldir Blanc, uma entre as mais de 24 mil confirmadas pelo Covid 19. A morte de Flavio Migliaccio, ator de fisionomia triste, que teve sua vida destroçada pela ditadura. O regime o impediu de seguir o projeto de teatro que então florescia nos anos 1960.
Na semana em que seriam lançados, os cinemas foram fechados pela pandemia. Uma pena, pois seria interessante acompanhar o percurso de dois médias metragens em salas comerciais. Agora, ambos são lançados na internet pela distribuidora Embaúba Filmes. O média-metragem é um formato que circula pouco e tem geralmente baixa aceitabilidade em festivais.
Sabiamente, o filme evita esse gesto, que se tornou banalizado no cinema brasileiro contemporâneo. No segundo momento do filme, vemos uma fogueira. Rafael dos Santos narra o momento em que, sete anos atrás, ele foi abordado por policiais, confundido com um traficante. É uma reelaboração do momento anterior.
Propõe alguns caminhos narrativos para essas questões, mas, sabiamente, não os esgota. E neste limite da fabulação, explicita a impossibilidade da representação nos moldes tradicionais. O resultado é de confronto com uma experiência que todos sabemos que se repete, mas que, no entanto, já não nos comove. Ao nos colocamos na fogueira, somos confrontados com o nosso silêncio.
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