, é claro: “só um varão batizado pode receber validamente a ordenação sagrada”.
Há uma pressão de algumas frentes. Pelo menos desde 2002 há um movimento de “mulheres padres” com grande visibilidade enfrentando o Vaticano. Naquele ano, sete delas foram ordenadas, em cerimônia nunca reconhecida pela Santa Sé, a bordo de um cruzeiro no rio Danúbio. Na Alemanha, o debate se intensificou nos últimos quatro anos, com um grupo de bispos progressistas encampando a causa.
Professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie, o historiador e teólogo Gerson Leite de Moraes diz à BBC News Brasil que até mesmo os relatos da época podem ter sofrido um “apagamento” intencional da presença feminina. Mas se Jesus, em vida, parecia transgredir essa norma, pela forma como ele tendia a incluir mulheres em seu grupo e também por passagens bíblicas em que ele interage com elas, é preciso lembrar que a base da Igreja, nos primeiros séculos, foi construída a partir de ideias deixadas pela filosofia grega e, claro, pelo status quo da Roma Antiga, principalmente quando o cristianismo deixa de ser perseguido e passa a ser considerado a fé oficial do império.
Uma condição importante precisa ser acrescentada a esse caldo: o fato de que se trata de um período histórico em que pouquíssimos eram alfabetizados. “E quem estava produzindo a literatura e a documentação, os documentos públicos e governamentais, eram basicamente homens. Isto explica o protagonismo masculino no interior desses textos ”, explica o historiador.
Antes dessa institucionalização, as reuniões dos primeiros cristãos não tinham a figura do sacerdote. Mas, como pontua à BBC News Brasil o teólogo e filósofo Pedro Lima Vasconcellos, professor na Universidade Federal de Alagoas e ex-presidente da Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica, os encontros dessas comunidades tinham uma presidência.
“A Congregação para a Doutrina da Fé precisou a afirmação papal de que a doutrina segundo a qual a Igreja não tem a faculdade de conferir ordenação sacerdotal às mulheres deve ser considerada pertencente ao depósito da fé”, escreve Geraldo. “A exclusão das mulheres para a ordenação presbiterial e episcopal é considerada de modo certo, irrevogável e de direito divino, por isso é para todos os fiéis.
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