Conto essa história porque acredito haver certa sabedoria instintiva na reação de Aisha. Afinal, todos estamos condenados a conviver com as sombras que nos cercam. Parece estranho? Calma, eu explico. Em psicologia, a sombra é quase um sinônimo para inconsciente — impulsos, medos, paixões. Tudo aquilo que não passa pela consciência compõe essa temerária sombra que acompanha cada um de nós. É a nossa porção irracional.
Para os que conseguiram emagrecer, em geral é difícil conviver com a possibilidade de retornar ao peso anterior, depois de se sentir bem e se reconhecer em um corpo diferente. Todos esses casos exigem uma mudança de mentalidade. É preciso entender que o risco crônico da obesidade, como uma sombra, estará sempre ao lado. Como não podemos simplesmente apertar um botão e desligar nossas compulsões, cabe decidir como lidar com elas.
A pior opção é tentar ignorá-las. O sábio chinês Chuang Tzu conta a parábola de um homem que, incomodado com a própria sombra, decidiu correr para despistá-la. Correu cada vez mais rápido até que, exausto, caiu morto. Tzu e Aisha ensinam, cada um à sua maneira, que é inútil procurar se livrar das sombras. O melhor é lançar luz sobre elas.
Que situações despertam em você aquela vontade incontrolável de comer? Está confortável com sua silhueta atual ? São perguntas que devemos sempre nos fazer. As sombras do nosso inconsciente são inimigas poderosas, mas não invencíveis. Com paciência, podemos transformar o lado obscuro da nossa personalidade em um lugar iluminado e, como Aisha, aprender a brincar com nossas sombras.
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