O meu poeta futurista senta atrás do volante do fordeco e a primeira coisa em que pensa não é o desvario da Pauliceia, tão distante de sua propriedade rural nos confins de Araraquara; não é o carro da miséria, tão distinto do simpático carro norte-americano a carregá-lo por entre os alqueires conforme a tarde finda; não é nem a máquina possante que desafia o entendimento da entidade macunaímica que mora dentro dele.
O meu poeta futurista tem também um quê de futurólogo, que ele esconderá nas palavras vadias que gosta de espalhar por aí. Esta é a segunda coisa em que pensa o meu poeta futurista: uma visão. Verdadeiro delírio. Injeção explosiva que lhe rompe o peito, combustão espontânea que lhe explode os pistões da consciência.
As rodas do delírio viajam mais longe que as da razão, e rápido o meu poeta futurista percorre as esquinas e avenidas da sua Pauliceia desfigurada. Por todo lado, a mesma cena, variando apenas nas minúcias: carros largos e pesados, polidos e blindados, avançam contra outros, menores, atrevidos e abusados; colidem; capotam; vazam sangue e gasolina, sangue e álcool.
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