Uma nova antologia poética do período surrealista de Paul Éluard, com selecção e tradução de Regina Guimarães, obriga-nos a retomar o confronto com o regime prisional em que vivemos e a dieta de realidade a que nos submetem por razões de saúde.
Comparecem enquanto elementos contundentes deste diagnóstico alguns versos de Paul Éluard, poeta que viu como os rostos podiam reduzir-se a “migalhas de anseios”, num regime em que está aberta “a caça aos enforcados a pesca aos afogados”. Parece também sinalizar a dificuldade que há em levar-se o que reconhecemos como verdade a sério, vendo passar “a verdade com o seu interminável cortejo/ de evidências pueris”.
De um lado temos a ideia de utilidade, a qual, segundo explica Paz, não é mais que a degradação moderna da noção de bem, do outro lado temos o amor. E Éluard bateu-se por essa forma de recusa, o amor como resolução e saída. “Só tenho vontade de te amar/ Uma tempestade enche o vale/ Um peixe enche o rio/ Fiz-te à medida da minha solidão.
Encontramos “o chão por toda a parte dividido”, e corpos mal apoiados nas suas sombras como em muletas, enquanto se cumprem as necessidades mais básicas, até a vida ser só isso, e acabar ela mesma um tráfico de ilusões adiadas ou esvaziadas de sentido. “Quanto mais avanço, mais a sombra cresce.
O desacordo de fundo deu-se quando o papa do surrealismo entender por fim que a vontade de emancipação mais ampla do homem e dos seus sentidos entrara num conflito insanável com a disciplina imposta aos seus membros pelo partido comunista.
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