Em circunstâncias normais, a publicação de um livro de crónicas nada teria de especialmente assinalável. Trata-se, no fim de contas, de resgatar do esquecimento, organizar e dar uma forma mais ‘encorpada’ a um conjunto de textos que poderiam até considerar-se ‘menores’ na obra de um autor.
As recordações mais ou menos longínquas – a casa dos pais, a Benfica da sua meninice, a passagem pela guerra de África entre 1971 e 1973, o hospital Miguel Bombarda, onde deu consultas até 1985 , os amigos como Cardoso Pires, Artur Semedo ou Melo Antunes – são a matéria-prima de alguns dos textos mais brilhantes e comoventes.
Talvez algo de muito idêntico se tenha passado em relação à psiquiatria. Declarou por mais de uma vez a inutilidade desta disciplina – mas a sua escrita tem quase sempre algo de catarse. É o velho aforismo que se encontrava à entrada do templo de Delfos: ‘Conhece-te a ti mesmo’. Cada crónica podia ser o monólogo de um paciente a discorrer sobre a vida recostado no divã.
Textos como ‘O grande amor da minha vida’, ‘A véspera de eu morrer estrangulada’ ou ‘A Feira Popular’ – na nossa opinião os menos interessantes, pelo exagero caricatural – mostram que nem tudo aqui é autobiográfico. As tias de António Lobo Antunes não compreendiam esse traço da personalidade do sobrinho que se manifestava já em pequeno: «OAntónio é esquisitíssimo», «Onde terá ido buscar estes gostos?», «Não o educámos assim», comentavam.
Então continua a brincar dentro da tua cabeça que assim não chateias 🙏🙋♂️
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