Quem conhece o percurso de Manuel Clemente não imagina que possa ser alguém que tenha atuado com dolo nos casos de abusos que têm sido divulgados. O padre – académico, historiador e antigo escuteiro –, depois bispo e atual cardeal-patriarca, está convicto de que agiu de forma adequada. A dimensão da polémica, focada no prelado de Lisboa, exige uma leitura enquadrando algumas circunstâncias.
A resolução de problemas nas comunidades e instituições católicas – fosse a ignomínia de uma suspeita de abuso sexual ou uma qualquer discórdia entre um padre e um leigo – pendia para a defesa da instituição e respetivos ministros. Leigo que assumisse posição discordante face a um clérigo arriscava ser ostracizado pela hierarquia e até pelas comunidades, onde o padre era visto como sacra figura.
Foi este o caldo gerador de uma cultura comportamental difícil de mudar, “de abuso de autoridade, de abuso de poder, de abuso sexual”, como diz o papa Francisco ., mas não de justificação, pois não serve de desculpa para ações hoje consideradas inadequadas. Na preocupação de salvaguardar a imagem da instituição, os métodos não eram prudentes, não defendiam justamente as vítimas, beneficiavam o prevaricador.
, com opiniões que se confundem com a notícia, suscetíveis de gerar equívocos de interpretação. A factualidade, próxima ou distante, é assimilada no momento, pelo filtro da curta memória, pelo caso específico que se generaliza. Como resultado, é grande o risco de termos uma leitura sem o discernimento e a análise de circunstância, sem o….
“Aceito que este caso e outros no passado não correspondem aos padrões que todos queremos ver implementados”, reconhecia Manuel Clemente em carta-aberta divulgada a 29 de julho, três dias depois da publicação das primeiras investigações jornalísticas. “Podemos e devemos fazer melhor”, acrescentava o patriarca, lamentando “o sofrimento” das vítimas.
Ao tempo do clericalismo devia suceder o tempo dos batizados. Isto faz-se com sinais concretos, em experiências comunitárias de sinodalidade discernida e assumida.A manutenção de Manuel Clemente nas funções de patriarca de Lisboa depende só do próprio e do Papa. Na reunião com Francisco, Clemente esclareceu a sua versão dos factos e terá projetado os meses seguintes, na expectativa do trabalho da Comissão Independente.
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