Sociedade

Mau tempo provoca uma morte, mais de 100 deslocados e 10 desalojados. Houve 47 resgatados de veículos

Proteção Civil regista 849 ocorrências devido ao mau tempo na Grande Lisboa

No balanço feito esta quinta-feira, o comandante de operações José Miranda revelou que, desde o início do alerta, foram registadas 849 ocorrências. "Destas, 71 por cento ocorreram no distrito de Lisboa e 11 por cento no distrito de Setúbal, sendo que 80 por cento - 673 ocorrências - se devem a inundações", explicou.

Mais de uma centena de pessoas tiveram que sair temporariamente das suas casas na sequência das fortes chuvas de quarta-feira, que atingiram sobretudo os distritos de Lisboa e Setúbal, informou a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil. Um aluimento de terras na freguesia de Mina de Água, concelho da Amadora, que “atingiu dois barracões”, levou a que 100 pessoas tivessem sido deslocadas temporariamente das suas habitações".

"Registámos também inundações na Costa da Caparica, em Almada, que provocaram seis deslocados das suas habitações e o resgate de 47 pessoas dos seus veículos", disse. O responsável adiantou que as inundações registadas na freguesia do Feijó, em Almada, provocaram 10 desalojados.

José Miranda recordou igualmente as inundações registadas na noite de quarta-feira em Algés, concelho de Oeiras, que provocaram a morte de uma mulher de 55 anos devido a uma inundação na sua habitação provocada pelas chuvas fortes.

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MADRUGADA COMPLICADA

O crescimento de ocorrências foi expressivo durante a madrugada, uma vez que, segundo o site da ProCiv, pelas 22h45 registavam-se 41 ocorrências neste distrito. Estavam mobilizados 94 operacionais apoiados por 30 veículos. Meia hora depois, pelas 23h15, o número de ocorrências escalou para 54, com 116 operacionais mobilizados e 38 meios terrestres.

Nas redes sociais multiplicam-se as imagens de ruas inundadas e estradas cortadas. Algumas rotas de autocarros foram desviadas.

Alguns dos vídeos divulgados no Twitter mostram água a cair no interior do centro comercial El Cort Inglés. Outros mostram estações de metro alagadas.

Em declarações à Lusa, o comandante dos Sapadores Bombeiros de Lisboa pediu às pessoas para não saírem de casa. "Há muitos lençóis de água, os carros ficam presos na água e nós não conseguimos socorrer toda a gente", disse Tiago Lopes.

A Câmara Municipal de Lisboa repetiu o apelo. “Devido à forte precipitação, vento forte e perigo de inundações, o Serviço Municipal de Proteção Civil de Lisboa recomenda que os cidadãos permaneçam em casa e evitem deslocações.”

Em declarações à SIC Notícias, o climatologista Mário Marques explicou que a precipitação que ocorreu nas últimas horas foi bastante elevada, sobretudo nos municípios mais ocidentais da grande Lisboa como Oeiras e Amadora. “A precipitação foi acima dos 45 litros por hora. Os padrões normais não é chover tanto, mas já ocorreu.”

A chuva intensa voltou a coincidir com um período em que a maré está a subir, dificultando ainda mais o escoamento de água. O pico da preia-mar só deverá ocorrer pelas 2h59.

Vários túneis e ruas em Lisboa foram encerrados ao trânsito devido a inundações provocadas pelas chuvas fortes. "Os túneis do Campo Grande, da zona do Campo Pequeno e da Avenida João XXI, estão fechados. A Avenida 24 de julho também está interditada e a Avenida de Berna também", disse Tiago Lopes.

De acordo com o comandante dos Sapadores Bombeiros de Lisboa, pelas 23h40, foram registadas "aproximadamente 100 ocorrências ativas". "Não há feridos, nem vítimas mortais a lamentar até agora", salientou.

Tiago Lopes disse ainda que na área Xabregas há uma situação de pessoas retidas em veículos. "Temos também no hospital Francisco Xavier um princípio de inundação e estamos juntamente com os Bombeiros Voluntários da Ajuda a dar o apoio. E temos no Teatro Nacional D. Maria II uma situação de inundação", acrescentou.

O comandante salientou também que na cidade há "pequenos focos de inundação quer no espaço privado, quer em espaço público", dizendo que "vai demorar um bocado até a água escoar toda", não tendo previsões para o fim dos trabalhos.

Questionado sobre se houve pessoas que tiveram que abandonar as suas casas devido a inundações, Tiago Lopes disse que não tinha registos. "Tivemos algumas situações na via pública de pessoas que ficaram retidas nos veículos, mas em casa não", disse.

De acordo a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), há cerca de 164 ocorrências ativas no distrito de Lisboa, sendo que os concelhos mais afetados são Lisboa, Oeiras e Sintra.

A Avenida Marginal, em Oeiras, entre Algés e Cruz Quebrada está encerrada ao trânsito. Em São Domingos de Rana, em Cascais, na Amadora e em Queluz, Sintra, também há varias ruas encerradas. Em Odivelas, também foram registados casos de automóveis parcialmente cobertos pela água.

Para esta quarta-feira estava em vigor o aviso amarelo devido à previsão de precipitação. Pelas 22h30, o IPMA atualizou o nível de alerta para o mais grave, o vermelho, que se prolonga até às 2h.

[em atualização]

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