Jornalista assaltada no Qatar: “Polícia disse que podia escolher a pena” para o ladrão

Dominique Metzger diz que a polícia qatari lhe deu a possibilidade de escolher a pena para o responsável por furto: cinco anos de prisão ou a deportação.

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Dominique Metzger no Qatar Instagram

A jornalista argentina Dominique Metzger foi vítima de um assalto enquanto cobria o Mundial do Qatar. Como é prática comum nestes casos, a polícia terá tomado conta da ocorrência, garantindo-lhe que o responsável — fosse uma única pessoa ou um grupo a agir de forma concertada — seria identificado.

Mas a jornalista revela que, num momento seguinte, os agentes terão levantado uma hipótese que deixou a repórter incrédula: “Perguntaram-me que pena queria para o ladrão: ‘Quer que seja condenado a cinco anos de prisão ou deportado?’. Insistiam que eu podia escolher a pena.”

Aquilo que a jornalista pensava tratar-se ao início de um erro de tradução seria mesmo uma hipótese real avançada pela polícia qatari. “Pensei que tinha percebido mal a tradução, mas não: insistiam em perguntar-me que pena queria para o ladrão”, conta. A jornalista terá respondido que o regresso dos pertences roubados seria suficiente. “Não queria pôr-me no lugar da justiça”, finalizou.

Metzger contou a história do incidente durante uma emissão do canal argentino Todo Noticias (​TN). De acordo com a lei do Qatar, o crime de furto é punido com pena de prisão que pode chegar até aos sete anos. O furto terá acontecido em directo, num momento em que a jornalista entrevistava adeptos antes do jogo inicial do Mundial, que opôs o Qatar e ao Equador. “Tinha comigo uma mala pequena com todas as coisas que uma pessoa precisa: a minha carteira, chave do quarto de hotel, alguns guardanapos”, relembrou.

Num momento de maior descontracção com os fãs, alguém abriu o fecho da mala, que levava à cintura, furtando todos os pertences à jornalista. “Não me apercebi. Estás em directo com música e uma multidão à tua volta. E estava concentrada no directo. Portanto, não estava a prestar atenção”, explica.

Ao dar conta de que tinha sido roubada, a jornalista fez queixa às autoridades, que a levaram até uma esquadra. De acordo com o Daily Mail, os agentes, todos homens, rejeitaram registar a queixa de Dominique Metzger​, com a argentina a ser depois reencaminhada para um segundo lugar. Terá sido neste momento que a polícia lhe deu a possibilidade de escolher a pena para o ladrão.

“O momento em que registaram a minha queixa foi chocante. Perguntaram-me o que queria que a justiça fizesse. Disseram que iam encontrar a carteira, tinham câmaras de alta tecnologia em todo o lado e que o ladrão seria encontrado pela tecnologia de detecção facial. Perguntaram-me o que queria que o sistema judicial lhes fizesse quando fossem encontrados”.

Em declarações ao jornal Record, a jornalista argentina adiantou que ainda não foram encontrados os pertences furtados no Qatar.

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