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Entrevista ao ex-jogador de futebol, Paulo Futre, para o programa "... em 40 minutos" da Rádio Observador. 8 de Novembro de 2022 Alvalade, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR
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TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Paulo Futre: "Eu era muito mais rebelde que o Ronaldo"

Na antevisão do Campeonato do Mundo, Futre sai em defesa de Cristiano Ronaldo, "que vai rebentar", e recorda o papel que teve a abrir caminho aos jogadores portugueses, com a ajuda de Mário Soares.

No arranque do Campeonato do Mundo, Paulo Futre alinha as expetativas com Fernando Santos e aponta à vitória no na competição: diz que, “por posição, a seleção nacional é das melhores do mundo”. Futre sai também em defesa de Cristiano Ronaldo, “o bicho, o menino”, que acredita que “vai rebentar” no mundial no Qatar.

Na entrevista de vida Em 40 Minutos, das manhãs de fim de semana da Rádio Observador, o antigo jogador do Atlético de Madrid fala sobre a decisão de ter ido para Espanha depois de ter ganho a Taça dos Campeões Europeus pelo FC Porto em 87/88, e de como Mário Soares “inventou uma lei” para o dispensar do serviço militar.

Desde que pendurou as botas, voltou a Portugal depois da famosa estratégia de comprar o melhor chinês da atualidade, “um momento em que recordou aos miúdos que era português e o ídolo dos pais”, confessa Paulo Futre.

[Ouça aqui Paulo Futre em 40 minutos]

“Não se humilha quem foi cinco vezes Bola de Ouro”

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Com a carreira que teve no futebol, e com a vida depois de ter colocado fim à carreira, alguma vez pensou estar onde está? 
Quando era miúdo dizia que se não fosse futebolista queria ser astronauta, mas acho que se não fosse futebolista ia ser um grande mecânico. Comecei a trabalhar como bate chapas aos 13 anos e adorava e tinha jeito, ia ser a minha profissão.

Mas alguma vez imaginou que depois do futebol ia continuar superativo? 
Quando deixei o futebol comecei a trabalhar como um mediador entre equipas e agentes. Retirei-me em 1998 e estive um ano e meio nisto. Depois comecei como diretor desportivo do Atlético de Madrid e em 2004 ou 2005, um grande amigo meu, jornalista, que foi para diretor da Telemadrid, pediu-me ajuda para um programa desportivo e eu fiz o programa com ele. No dia a seguir ele ligou-me: ‘Ganhámos!’. Perguntei o que é que tinha ganho e ele diz-me: ‘As audiências’. Passado uns dias liguei-lhe e perguntei como estava a correr e respondeu-me: perdemos e respondi que na segunda-feira estava lá novamente no programa e foi até hoje. Para mim a televisão é onde continuo a ser competitivo. A única diferença é que na televisão só sabemos os resultados no dia seguinte, em vez de ser ao fim dos 90 minutos.

Mas a vida do Paulo não é só comentário. Já fez novelas, já entrou num reality-show, nunca fecha portas?
Tudo o que veja que me possa divertir, aceito. Trabalhei em vários canais em Espanha, mas estive também na Al Jazeera e foi uma experiência incrível. É outro mundo. Passei muito tempo em Doha, no Qatar, onde vai ser o Mundial. Ia quase todos os meses ao Qatar.

E esta participação na televisão, noutros eventos, faz com que as novas gerações continuem a conhecer o Paulo? 
Tenho vida em Portugal e em Espanha. Não me aborreço. Em Espanha sou o influencer número 1 nas redes sociais do Atlético de Madrid, onde fui tudo: jogador, capitão, embaixador, diretor desportivo.

E também por isso fez uma tatuagem? 
Estou agradecido eternamente ao Sporting, que no fundo é o meu clube, mas depois digo sempre que tenho duas costelas do Futebol Clube do Porto, apesar de os meus amigos dizerem que tenho oito. E ainda o Benfica, que foi uma honra enorme representar e ver a grandeza. Mas ali, no Atlético…

"Quando eu era capitão, podia jogar muito bem mas defendia o clube talvez melhor fora do campo: nas conferências de imprensa. Muitas vezes fui muito polémico, passei os limites"

Ainda é o estádio mais especial onde entra? Onde se sente mais em casa? 
Não digo que foi logo no primeiro ano, porque era um miúdo, estrangeiro mas profissional, que ia dar tudo pelo clube que me ia pagar. A meio do segundo ano há um jogo entre o Real Madrid e o Atlético no Santiago Barnabéu e foi uma injustiça o que aconteceu. Desde esse dia até hoje nasceu um amor enorme. Comecei a jogar como colchonero a partir daí. O carinho que existe entre mim e os adeptos é mútuo. Quando era capitão, podia jogar muito bem mas defendia o clube talvez melhor fora do campo: nas conferências de imprensa. Muitas vezes fui muito polémico, passei os limites, mas sempre por defender o Atlético de Madrid.

Isso é sentir acima de tudo? 
É paixão.

E isso para o Paulo é um modo de estar na vida? 
O meu médico agora diz que a partir das 19h não posso falar, porque estou sempre com paixão, até ao telefone, vou sempre a mil por hora. Agora já me vai deixando, mas antes pedia-me para estar calminho a partir das 19h. Depois de me acontecer isto.

Entrevista ao ex-jogador de futebol, Paulo Futre, para o programa "... em 40 minutos" da Rádio Observador. 8 de Novembro de 2022 Alvalade, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR Entrevista ao ex-jogador de futebol, Paulo Futre, para o programa "... em 40 minutos" da Rádio Observador. 8 de Novembro de 2022 Alvalade, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR Entrevista ao ex-jogador de futebol, Paulo Futre, para o programa "... em 40 minutos" da Rádio Observador. 8 de Novembro de 2022 Alvalade, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR Entrevista ao ex-jogador de futebol, Paulo Futre, para o programa "... em 40 minutos" da Rádio Observador. 8 de Novembro de 2022 Alvalade, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Para quem não sabe, o que é que lhe aconteceu? 
Em agosto tive um enfarte. Foi mais ou menos o que aconteceu ao Iker Casillas. Foi um susto. Entretanto deixei de fumar, está a fazer três meses. É uma guerra grande, mas vou ganhar esta guerra ao tabaco.

É mais uma competição? 
Uma competição, mas um terror. Mas vale a pena. Comecei a acordar às 7h e depois às 22h já estou a dormir. A partir das 19h parece que tenho uma granada dentro de mim. Fumava desde os 12 anos e agora deixar é uma guerra grande.

O Paulo Futre sempre quis ser futebolista? Apesar desses planos B…
Sempre foi o sonho.

"Maradona e Messi são os dois esquerdinos em toda a história do futebol muito superiores a mim"

E qual era o ídolo? 
O meu querido Chalana. Um génio. Pequeno grande génio. Foi com ele. O Sporting e o Benfica jogavam sempre em casa e fora à vez e eu, com 11 anos, ia com o cartão da Federação, porque podíamos entrar grátis, e os porteiros perguntavam o que é que um jogador do Sporting ia ver o Benfica e eu dizia: ‘Não venho ver o Benfica, venho ver o Chalana’.

Esse é um caso especial, porque o Chalana tinha apenas a linguagem do futebol? Cá fora era meio tímido.
Sem dúvida que podia ser introvertido cá fora, mas dentro do campo rebentava com tudo. Com um pequeno movimento de rins sentava os defesas, sem tocar na bola. Tinha tanta admiração e só tive com ele uma vez na seleção, já era capitão do Atlético de Madrid. Foi num jogo entre Portugal e o Luxemburgo, ele foi convocado e quando o cumprimentei até tremi, porque tinha tanto respeito por ele. Marcou a minha infância até aos 16 anos, depois em 1982 comecei a ter outro ídolo, o Bruno Conte, da Roma, e depois tive um Deus, que era o Diego Armando Maradona.

Isto leva-nos à história de que o Paulo diz que só pediu autógrafos a duas pessoas? 
Ao Diego e agora ao Messi. São os dois esquerdinos em toda a história do futebol muito superiores a mim. Pode haver algum melhor que eu, um pouco, mas muito melhor só o Maradona e o Messi.

O Messi ficou surpreendido com o pedido de autógrafo do Paulo? 
Falei com o Luís Campos, que é o diretor desportivo do PSG, com grandes trabalhos no Mónaco e no Lille. Falei com ele no dia antes e foi incrível porque o Messi não veio ao campo ver a relva e dei a camisola ao Luís Campos para levar ao Messi e ele voltou com a camisola sem estar assinada e a dizer: ele quer assinar à tua frente. Foi uma honra tremenda. Isto foi notícia até na Mongólia. Foi o meu segundo autógrafo pedido. Falta-me o do bicho, do menino, o Cristiano, e aí fechamos a fábrica.

Quais são as expectativas para Portugal neste Mundial? 
Todas.

É como o Fernando Santos
Temos que sonhar. Temos alguns dos melhores jogadores do mundo. Posição por posição, talvez sejamos a melhor seleção do mundo.

Como é que olha para a atual situação do Cristiano Ronaldo?
Acho que as críticas são injustas. O Cristiano foi o terceiro melhor goleador da Premier League. Isto foi em maio. Uns meses depois tem que acabar a carreira? Não sei o que lhe aconteceu com a morte do filho. Não sei o que aconteceu durante a pré-época. Sei é que aconteceu uma humilhação terrível, do treinador a ele. Não se faz a um craque que foi cinco vezes Bola de Ouro entrar a cinco minutos do fim. Isto não é uma falta de respeito, é uma humilhação. Ele quis ir para o conflito. Pensei que ele não ia entrar.

Ronaldo? "Ele sabe as criticas que lhe têm caído em cima, muitas delas injustas e vai-se querer vingar"

O Paulo o que é que fazia? 
Era muito mais rebelde que o Cristiano. O treinador nem se atrevia porque eu ia dizer que não. E eu fui Bola de Prata uma vez, o Cristiano foi cinco vezes Bola de Ouro. Foi um profissional,  mas o péssimo profissional foi o treinador. Se o Cristiano está mal fisicamente o treinador tem que falar com ele. Se tem que ganhar ritmo tem que lhe dizer que vai para o banco e joga 15 ou 20 minutos. Agora entrar a dois minutos do fim? O Cristiano vai-se vingar disto tudo.

E ele cresce na seleção não é? 
É um campeão. Um competidor nato. Ele sabe as críticas que lhe têm caído em cima, muitas delas injustas e vai-se querer vingar. Ele normalmente ganha. O que é que eu diria a este meu herói: ‘Cris, menino, deixa a ala. Isso é para outros, tu tens que ir para a área. Recuas um bocadinho só para tapar buracos, mas de resto tem que ser área’. Com os laterais que temos, ele de cabeça ainda é fortíssimo. Pode já não ficar no 3.º andar, mas no 2.º andar ainda vai lá. Ele pode rebentar no Mundial ainda. Ele tem que ser ponta de lança puro e duro. Tenho uma fé tremenda que ele mete isto na cabeça e depois tem os outros artistas todos para ajudar.

E ainda tem muito para dar?
Podemos ter aqui uma nova versão para mais dois ou três anos deste extraterrestre.

Portugal por norma tem pouca sorte em competições fora da Europa. O Paulo esteve em 1986 no México, mas depois Coreia, Brasil, correram todos mal. Não tem medo deste? 
É verdade, mas temos que mudar isto. Assustaste-me um bocadinho. Vamos pensar em coisas positivas e mudar neste Mundial. É o primeiro nas arábias. Temos que ter uma pontinha de sorte. Rebentaram com o selecionador contra a Sérvia e a Espanha. Toda a gente quer jogar como o Guardiola, mas isso só há um. O que ouvi do selecionador é incrível. Não podemos ser ingratos e vi ingratidão para com o Fernando Santos. Temos que ter fé nele.

Entrevista ao ex-jogador de futebol, Paulo Futre, para o programa "... em 40 minutos" da Rádio Observador. 8 de Novembro de 2022 Alvalade, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

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Não sei se é muito português, mas muitas vezes passamos do 8 ao 80.
Sim, e no jogo contra a Sérvia em que perdemos no último minuto, não podemos ser injustos. Se eu estivesse dentro do balneário era para matar. O golo foi numa sequência de um canto curto, estavam seis ou sete jogadores na área. A culpa é do Fernando Santos? Foi um erro e os jogadores sabem. Imagino as críticas entre os jogadores.

O Paulo Futre alguma vez se sentiu injustiçado em Portugal? 
As minhas grandes homenagens foram no Atlético de Madrid. Ainda agora foram 70 mil pessoas, até me ligaram logo quando saí do hospital a dizer que me queriam homenagear. O cartão de sócio do clube é com a minha fotografia, agora vão lançar uma camisola minha. As homenagens dos meus compatriotas recebo-as na rua. Uma vez na CMTV, o presidente da Câmara de Madrid disse que metia as cinzas na ala esquerda onde eu jogava. Rebentei a ouvir aquilo e no dia seguinte todos os portugueses vieram falar comigo.

Sente esse carinho diariamente?
Sim. Eu tinha que ir para a tropa, mas ao falar com o Presidente da República, o Mário Soares, ele acabou por inventar uma lei para atletas de elite e tive oito anos de dispensa. E ele disse-me: agora não me podes falhar a mim, a Portugal e aos emigrantes. Mais tarde quando me queria condecorar ligou-me no dia de Natal, que foi o primeiro que passei fora, e deu-me a entender que isso nunca poderia acontecer porque estive um ano e meio fora sem vir a Portugal e porque já tinha passado os oito anos de dispensa da tropa e o assunto ia-se tornar político. Nem um obrigado levei, só mesmo do Mário Soares. Isto ao nível de Governo, já fui condecorado na minha terra, no Montijo.

"Na primeira lesão rebentaram-me com o joelho e depois foi a minha guerra"

Na sua carreira, qual foi o momento mais duro?
Foi a lesão, sem dúvida. Na primeira lesão rebentaram-me com o joelho e depois foi a minha guerra. Ao início não parecia uma lesão grave, mas foi muito mais grave do que todo o mundo pensava. Ali não era só futebol. Na minha primeira operação, em Verona, estava o mundo da imprensa. Um ano depois, na segunda operação, estavam quatro jornalistas locais e no ano seguinte, na terceira, tive que ligar para o Record e para A Bola a perguntar se queriam lá ir. Tinha 29 anos e comecei a ver que a vida é isto. Foi duro, mas foi uma lição para aprender o que era a vida pós-futebol.

E custou-lhe entender isso? 
Toda a gente dizia que eu já não voltava a jogar, que estava morto, mas enganaram-se todos. Acabei por ser campeão de Itália. Acho que fui o primeiro português a sê-lo. Só joguei um jogo, mas consegui.

Muitas vezes o poder está mesmo na cabeça. Há pouco falava do Cristiano Ronaldo. No futebol, às vezes o físico não consegue acompanhar, mas o mental também faz muita diferença? 
Sem dúvida. O AC Milan tinha dois psicólogos e normalmente entravam de manhã no balneário e diziam: depois do treino passa no escritório. Outros eram dispensados. Foi a primeira vez que vi psicólogos no futebol. O Milan estava à frente. Eu estava de rastos, tinha sido operado e eles olhavam para mim e nunca me chamaram. Eles olhavam para mim e diziam que era um leão e que não precisava de apoio. Era a maneira deles de me puxarem apesar de estar de rastos, mas isto dava-me força. De certeza que para o Cristiano basta uma frase para rebentar tudo. Ele é um goleador, ninguém se define melhor que ele. Já com 37 anos fez 12 golos.

Às vezes perdemos a noção do tempo? 
E por isso é que criticamos muito. Ele dizer que ainda vai fazer um Mundial e um Europeu choca muita gente, queriam que ele dissesse: se o selecionador achar, mas ele afirmou. Depois contra a Espanha não marcou, acabou criticado por muitos, mas sabemos no fundo como é que ele é. Ele é assim e não merecia tantas críticas que ouviu. E injustas. Estamos a falar de um herói português. Tenho muita fé que ele se vai vingar de muita gente, não de cá, mas de Inglaterra.

"Abri as portas para os jogadores que vinham atrás, o Figo, entre outros. E para além dos jogadores também os clubes começaram a vender muito mais caro os jogadores portugueses"

A imagem do Paulo Futre é sempre esta, de viver ao máximo e com o coração. E nesta conversa é inevitável recuarmos ligeiramente até à conferência de imprensa da candidatura ao Sporting onde falou do melhor jogador chinês. Depois disso as pessoas voltaram a ter a figura do Paulo muito presente? Correu bem?
Não correu, porque perdemos as eleições. As percentagens eram muito desfavoráveis e eu tinha que fazer ruído. A história do chinês já tinha sido inventada e acabámos por ter uma percentagem digna. Depois disso, muitos miúdos perguntaram se eu era argentino ou paraguaio por causa da minha pronúncia e iam perguntar aos pais. Os pais destas crianças diziam que eu era o ídolo de infância deles, o que os levou ao YouTube para procurarem a minhas jogadas.

Ou seja, conseguiu aí quase uma nova vida?
Sim, estava muito mais tempo em Espanha. Há muito tempo que não aparecia forte em Portugal, provavelmente desde que me tinha retirado dos relvados. Os miúdos de 20 anos nem sabiam quem é que eu era e só nesta altura é que descobriram que era português e que jogava muito e que abri as portas para os jogadores que vinham atrás, o Figo, entre outros. E para além dos jogadores, também os clubes começaram a vender muito mais caro os jogadores portugueses. Na altura era muito complicado, porque só jogavam dois estrangeiros por equipa e os que tinham saído antes falharam. Os portugueses tinham uma imagem de mentalidade fraca. Quando ganhei a Taça dos Campeões Europeus com o FC Porto reuni com o Real Madrid, com o Barcelona e com a Juventus. Nessas reuniões perguntavam-me quantos dias é que podia estar sem a minha mãe, sem ir à minha terra e eu perguntei: porquê a mim? Fazemos porque és português e vocês não conseguem estar muito tempo longe do vosso país. Disse isto ao Mário Soares, porque ele queria que fosse à tropa, e foi aí que lhe expliquei isto e pensou na lei que fez para mim. Isto entretanto mudou tudo.

E esta mudança de vida teve também a ver com a forma como aceitou as coisas
Sim, mas isto é a minha maneira de ser. Rio-me de mim mesmo e os meus filhos também. Quem me fez contar a história do chinês foi o meu filho mais velho.

Entrevista ao ex-jogador de futebol, Paulo Futre, para o programa "... em 40 minutos" da Rádio Observador. 8 de Novembro de 2022 Alvalade, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

O que é que o futebol tem de tão especial que faz com que os miúdos continuem a querer ser jogadores? 
Não podes pensar em dinheiro quando começa o sonho, aos seis anos. Os primeiros sonhos é porque amas o futebol, amas jogar na tua equipa de infância. Queria jogar no Sporting, quando era miúdo. Depois vem a seleção e mais tarde é que aparece o dinheiro. A maior parte dos que chegam longe são de classe baixa ou média. É muito difícil um milionário ser um craque de futebol, não sei se existe. A partir dos 12 ou 13 anos começam os sonhos do dinheiro: dar uma casa aos teus pais, uma boa vida para ti e para a tua família. Até essa idade, os primeiros sonhos têm que ser a paixão de jogar na equipa do coração, depois é que vem o dinheiro. Primeiro ser titular no clube, jogar na seleção e depois ir ganhar dinheiro.

Arrepende-se de alguma escolha que tenha feito?
De certeza, mas há uma que não me arrependo. Toda a gente diz que quando saí do Futebol Clube do Porto se tivesse ido para um Barcelona, Real Madrid ou Inter de Milão, hoje tinha três ou quatro Bolas de Ouro. Quando dizem isto estão a dizer que não devia ter ido para o Atlético de Madrid. Se tivesse ganho essas Bolas de Ouro nestes clubes não teria recebido a homenagem que recebi no Atlético de Madrid. Não me arrependi nada de ter ido para o Atlético. Nunca.

Obrigado, Paulo Futre.
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