Investimento estrangeiro em Portugal

O IDE de qualidade promove o crescimento económico tanto a curto como a longo prazo. Com o IDE é normalmente transferida para o país nova tecnologia, que recorre a emprego qualificado e mais bem remunerado.

Numa altura como a que vivemos todo o investimento é crucial, sendo um dado adquirido que o investimento estrangeiro (IDE) é uma componente chave da integração económica mundial, e em termos internacionais é considerado como tal, quando atinge pelo menos o controlo de 10% dos direitos de voto.

O IDE de qualidade, que seja orientado para o mercado doméstico e para a exportação, e não aquele dirigido para a extração de recursos, promove o crescimento económico tanto a curto como a longo prazo. Com o IDE é normalmente transferida para o país nova tecnologia de elevada produtividade, que recorre a emprego qualificado e que por sua vez é mais bem remunerado.

O IDE também promove as exportações e pode ajudar a diminuir as importações (não podemos esquecer que Portugal depois de oito anos seguidos de excedentes na balança comercial fecha 2020 com um défice, fruto de uma brutal queda na chegada de turistas devido à pandemia), aumenta o emprego de qualidade muitas vezes tecnológico e com salários mais elevados (elevando o tão falado salário médio), contribui para o aumento da competitividade nacional e das empresas do mesmo setor, que forçosamente vão ter de acompanhar a evolução tecnológica para sobreviver, melhora o capital humano e a difusão tecnológica.

No limite, podemos considerar que o IDE provoca externalidades positivas na economia doméstica, via transbordamento de efeitos e de conhecimentos para empresas domésticas, como seja o know-how organizacional e ligação entre setores.

Em termos de IDE em 2020 os países da OCDE (da qual fazemos parte) captou mais de 39% do fluxo mundial, sendo que Portugal apenas beneficiou de 0,73% desse fluxo mundial. Valor claramente baixo. Em termos relativos no ano 2020 apenas captamos 1,5% do PIB, muito longe dos 5,1% de 2015 ou mesmo dos 4,8% de 2012. Apesar do IDE e pelos motivos da pandemia ter descido em diversas geografias, em países com quem competimos por IDE não baixou tanto, como seja o caso de Espanha.

Mas afinal quais são os determinantes que levam um investidor internacional a fixar o seu investimento num país estrangeiro? Não se trata de uma resposta única e simples, mas existem diversos fatores que podem marcar a diferença.

Os investidores estrangeiros preferem países com forte estabilidade política, estabilidade fiscal, nível competitivo de impostos corporativos, transparência, qualidade e quantidade das infraestruturas do país, tamanho do mercado, mão-de-obra qualificada em quantidade, mercados financeiros desenvolvidos, natureza e qualidade das instituições nacionais (variável muito importante no processo de escolha), rapidez e qualidade do sistema judicial, níveis reduzidos de burocracia, baixa corrupção, aglomeração intra-industrial e existência de clusters industriais. Entre outros fatores, é nestes determinantes que Portugal tem que se focar, além de estar atento a intenções de investimento que são anunciadas e antecipar os futuros porque a competição entre países por este investimento é grande. Países que possuam estas características, conseguem ter capacidade de absorção que capte a totalidade dos benefícios do IDE.

Criar condições para o fomento do consumo é importante, mas, primeiro deve-se obter condições para possuirmos investimento de qualidade. Numa altura em que o investimento nacional é insuficiente, o estrangeiro será importante para o crescimento económico do país e nos ajudar a aproximar da média da UE. Nenhum país consegue viver só do consumo. Primeiro criar um adequado nível de riqueza no país e depois consumir bens e serviços com recurso a essa riqueza, e não em créditos e endividamentos para compras.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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