Uma vitória na receção ao Cagliari, um triunfo caseiro para a Taça frente ao Lecce, o regresso de alguma estabilidade à equipa e ao próprio clube depois de dois desaires a abrir o ano com AC Milan e Juventus. A Roma mantinha-se em sétimo na Serie A mas com o conforto de dois resultados positivos numa semana para preparar a deslocação a Empoli. No entanto, e à semelhança do que tem acontecido, foi o mercado que dominou a conferência de antevisão, com José Mourinho a assumir que não esperava mais mexidas.

“Não espero mais ninguém mas o mercado está aberto. E também depende de como se vê as coisas. Cada vez que um jogador vai para o banco parece que a melhor solução é vendê-lo. Veretout esteve um jogo no banco e já está à venda. Carles Pérez joga 45 minutos, depois sai e já está à venda. Não é assim… Creio que o plantel que temos agora é o que vai chegar ao final da época. Trocámos quatro [Gonzalo Villar, Borja Mayoral, Calafiori e Reynolds] com poucos minutos por dois que já fizeram mais minutos que os que saíram. Sérgio Oliveira e Maitland-Niles melhoraram a equipa e estou feliz porque a 10 de janeiro já tínhamos todas as compras feitas”, afirmou depois de largas intervenções em novembro e dezembro onde ia pedindo outro tipo de soluções para os romanos, sempre numa perspetiva de trabalhar para o futuro.

“Tanto somos quintos, como sextos ou sétimos. Reflete o nosso valor. As equipas de topo têm mais experiência. Mas podemos lá chegar e na próxima época podemos melhorar, sem dúvida”, sublinhou, de novo a falar na questão mais cara do futebol atual: o tempo. O mesmo tempo que Nuno Campos, antigo adjunto de Paulo Fonseca na Roma que teve recentemente uma experiência mal sucedida como treinador principal no Santa Clara, “reclamou” para o compatriota perante a atual realidade transalpina.

“Quando estamos num clube como a Roma, estamos preparados para qualquer clube no mundo. A pressão à volta é tão grande como se calhar os maiores clubes do mundo. Há uma pressão enorme para vencer o scudetto e a Roma ganhou três em toda a sua história… Não é justo para quem está na Roma, a exigência que se coloca e a realidade do clube. O José Mourinho é um dos melhores e se não lhe derem tempo e investirem na equipa, possivelmente podem sair defraudados. Não há treinadores que fazem milagres. o plantel não pode viver apenas de 12 ou 13 jogadores para ser campeão. Aqui é que penso que os adeptos não percebem muito bem esta dicotomia: a Roma tem 14 jogadores de nível bom, que podiam lutar para serem campeões, mas depois estão em todas as frentes”, referiu avaliou ao podcast Planeta Eleven.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Era neste contexto que José Mourinho prosseguia a sua segunda aventura em Itália depois do sucesso no Inter há mais de uma década, nos quartos da Taça (onde vai defrontar os nerazzurri), nos oitavos da Conference League e na luta pela melhor posição na Serie A sabendo que tinha menos condições do que os outros para entrar nos quatro primeiros mas que muitos olhavam como objetivo para um dos quatro primeiros. E era por isso que a BBC fazia esta semana um trabalho com o título “Será que Mourinho está a ficar sem tempo na Roma?”. Se vitórias são sinal de tempo, não. E a forma como o conjunto da capital arrasou por completo o Empoli nos 45 minutos iniciais foram uma segunda vida para a equipa.

Com Zaniolo a ficar a protestar uma grande penalidade logo a abrir e Abraham quase a marcar de forma involuntário após remate de Mkhitaryan, o conjunto da casa ainda teve uma ameaça à baliza de Rui Patrício mas o primeiro golo dos romanos ligou o rolo compressor até ao intervalo: Abraham inaugurou o marcador após assistência de Sérgio Oliveira num lance em que parecia querer rematar (24′), o mesmo Abraham bisou numa recarga a desvio de Mancini após canto do médio português (33′), Sérgio Oliveira aumentou a vantagem com um grande desvio na área após cruzamento de Karsdorp que passou por vários jogadores (35′) e Zaniolo fez o 4-0 que se registava no final dos 45 minutos iniciais atirando de pé esquerdo após assistência de Mkhitaryan e um grande toque de calcanhar antes de Abraham (37′).

A exibição da equipa em termos coletivos estava a ser irrepreensível, provavelmente das melhores da época, mas era no português que se centravam atenções até por mais um feito na história do clube de ser apenas o terceiro jogador a marcar nos dois primeiros jogos da Serie A pela Roma depois do central romeno Cristian Chivu (2003) e o avançado italiano El Shaarawy (2016). No entanto, e na sequência de um centro de Bandinelli, Andrea Pinamonti não perdoou na área e reduziu logo aos 55′, dando uma nova alma ao Empoli perante uma Roma que tentava gerir o encontro e sair em transições rápidas para aumentar o resultado. Espaços não faltavam mas acabaria por ser a equipa da casa a reduzir mais um pouco a distância com um remate de Bajrami que sofreu ainda um desvio e traiu Rui Patrício, fazendo o 4-2 final (74′).