Nacional
23 janeiro, 2022 às 07:03

Manuel Reis Campos: Construíram-se 26 mil casas em 2021

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Líder da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas diz que construção anual de nova habitação deverá estabilizar nos próximos anos.

A falta de casas no país é um tema que tem estado na ordem do dia. Mas há estimativas de quantas poderão faltar?
Chegou-se a falar que faltavam 50 a 60 mil. Mas quando tivermos essas 50 mil casas, no entretanto, 30 ou 40 mil foram demolidas ou já não estão em condições de habitabilidade. Nós vamos sempre precisar de algumas dezenas de milhares de casas.

O setor está a responder a essa escassez de oferta?
Com a troika e tudo o que veio a seguir nós partimos praticamente do zero. Em 2014, construímos 6700 habitações. Há dois anos, foram mais de 24 mil e 2021 terminou com 26, 27 mil. Nós estamos a crescer em termos de construção de casas e o licenciamento tem sido cada vez maior. Aquilo que se está a passar hoje é positivo, nós agora estamos a ter níveis de produção com algum significado. Acho que a construção de casas não vai subir muito mais para além das 26 mil por ano. De qualquer forma, em 2001, Portugal construiu 114 mil fogos.

A escassez tem levado à subida dos preços. E agora há que contar com o aumento dos custos dos materiais e da mão-de-obra. O preço das casas não vai ficar proibitivo para as famílias portuguesas?
Sempre achei que o preço das habitações é elevado face ao rendimento médio dos portugueses. É preciso construir fora dos lugares que são muito caros, porque o terreno é uma peça muito forte na construção. E depois temos os impostos. Porque é que uma reabilitação paga 6% de IVA numa ARU (áreas de reabilitação urbana) e ali ao lado já paga 23%?

Os números apontam para uma quebra na entrada de casas em licenciamento. Os promotores estão a travar os projetos devido ao aumento dos custos de produção?
O licenciamento é circunstancial. Os sinais de crise sentem-se na construção. O licenciamento é sempre uma das coisas que o construtor quer. Se não for para hoje é para amanhã