Sporting com a fortuna de receber o pior Sp. Braga da temporada

Dificilmente haveria melhor altura para enfrentar a formação de Carlos Carvalhal, cuja suspensão o impedirá de dirigir a equipa no banco de suplentes.

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Raúl Silva e Pedro Gonçalves em duelo LUSA/MANUEL FERNANDO ARAUJO

A sabedoria popular fala de um lobo em pele de cordeiro, mas o Sp. Braga tem contrariado esta formulação: é, por estes dias, um mero cordeiro, ainda que se apresente ainda e sempre na imponente pele de lobo que conquistou nos últimos anos.

Com duas vitórias em oito jogos (e duas partidas seguidas sem vencer em casa), é na pior fase da temporada que a geralmente competente equipa minhota visita neste sábado o Estádio de Alvalade (20h30, SPTV). Este dado pode ser considerado uma fortuna para a equipa de Rúben Amorim, já que dificilmente haveria melhor altura para enfrentar um dos jogos mais árduos da temporada de qualquer equipa nacional.

Há ainda a ausência de Carlos Carvalhal, cuja suspensão, para compor o cenário negativo, o impedirá de dirigir a equipa no banco de suplentes, com a dificuldade adicional que daí advém.

Mas nem por isso há, para o Sporting, a garantia do que quer que seja, sobretudo porque a formação “leonina”, em plena luta pelo título, teve recentemente duas “chamadas à Terra”: uma colectiva, na derrota nos Açores, frente ao Santa Clara, e outra individual, no triunfo frente ao Vizela, partida na qual o próprio Rúben Amorim avisou Matheus Nunes de que não tem lugar cativo no “onze”.

E também por aí passa grande parte da curiosidade táctica para esta partida. Quando trocou Matheus Nunes por Daniel Bragança, frente ao Vizela, Amorim queria um jogador mais refinado tecnicamente em espaços curtos. E explicou-o: “Sabíamos que havia pouco espaço em jogo interior e o Bragança é muito forte em espaços reduzidos”.

A escolha entre Matheus e Bragança tem acompanhado a temporada do Sporting, com períodos de prevalência de um e outro – mais curtos no caso de Bragança. E frente ao Sp. Braga o período de prevalência de Bragança pode voltar a ser encurtado, já que Matheus Nunes poderá, em teoria, regressar à equipa. Os minhotos são uma equipa que não tem pudor em dividir o jogo, mesmo quando defronta os “grandes” – saiu do Estádio da Luz de “saco cheio” precisamente pela predisposição para deixar o jogo “partir”.

Jogo partido e espaço são conceitos que casam na perfeição com Matheus Nunes, o médio “leonino” mais capaz no transporte e na condução de bola, por oposição ao futebol mais combinativo de Bragança, útil frente a blocos mais densos.

Foi, de resto, com Palhinha e Matheus que o Sporting venceu as duas partidas que já fez nesta temporada frente aos minhotos, até pela consistência, intensidade e agressividade que o luso-brasileiro oferece por comparação com Bragança. Na antevisão da partida, Carlos Carvalhal abordou precisamente essa solidez “leonina”. “A base do Sporting campeão, que tem feito um percurso quase notável, quase perfeito, assenta no seu processo defensivo, sofre poucos golos. É uma equipa muito consistente”, analisou.

Do lado contrário, o Sp. Braga, que dificilmente chegará à Champions e já tem o Gil Vicente a apenas cinco pontos, deverá jogar como tem jogado: em 3x4x3. A indefinição quanto aos nomes nesse “onze” são já habituais numa equipa bastante rica e na qual a rotatividade é ponto de ordem.

Entre os últimos dois jogos, por exemplo, Carvalhal trocou cinco jogadores entre uma partida e outra (e ambas deram perda de pontos), sendo que para Alvalade pelo menos dois serão diferentes: Paulo Oliveira, por lesão, e Yan Couto, com covid-19, não poderão ir a jogo.

Além do guarda-redes e de dois centrais, garantido estará apenas Ricardo Horta, que já leva 13 golos e seis assistências na temporada.

Rúben Amorim alertou que apesar destas mudanças o adversário “tem uma forma de jogar muito vincada e mantém as mesmas características relativamente aos outros jogos [entre as duas equipas]”. E detalhou sobre o estilo de jogo: “Se não estivermos no máximo, não vamos ganhar os jogos. Nunca vi o Sp. Braga a jogar em blocos baixos”.

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