O antigo primeiro-ministro José Sócrates recusou esta sexta-feira, em entrevista à CNN Portugal, comentar a campanha eleitoral para as legislativas de 30 de janeiro, dando nota de que não quer "ferir a sensibilidade" dos "amigos, candidatos, deputados" que consigo "fazem política" há 40 anos. Sobre a maioria absoluta pedida por António Costa, deixou um recado: "para quem quer uma maioria absoluta devia fazer por não desmerecer a única da história do PS", ganha por ele próprio.
Longe das legislativas, a entrevista teve como objectivo as críticas tecidas por Sócrates ao Juíz Carlos Alexandre, que acusa de ter ficado com a Operação Marquês "de forma fraudulenta" e com um "triplo objectivo": "vaidade, construir a sua própria biografia política e resolver os problemas que tem com as suas simpatias e antipatias políticas".
"Este juiz não foi escolhido por sorteio eletrónico nem com a presença de um juiz. Não tive direito a nada disso. Foi escolhido de forma fraudulenta, por uma das partes. Foi feito de forma manual, arbitrária. Não é normal que um juiz não cumpra a lei. Durante um ano e meio era a funcionária que escolhia o juiz. Isso é viciação. A distribuição foi falseada", vincou.
Referiu também que o caso foi escolhido pela funcionária judicial Teresa Santos, que por sua vez foi nomeada para a função pelo Juiz Carlos Alexandre. Sócrates acabou por deixar em cima da mesa a ideia de que lhe foi retirado o direito constitucional do "princípio do juiz natural", tendo pedido a substituição do juiz, que nunca aconteceu. "O que aconteceu comigo foi um caso político", alegou, salientando que " O poder político está contra" ele e que "a política em Portugal está a olhar para o lado".