Zara Rutherford, a jovem de 19 anos de ascendência belga e britânica, tornou-se a mulher mais jovem a realizar sozinha uma circum-navegação aérea ao globo.

O recorde anterior pertencia a Shaesta Waiz, uma norte-americana que tinha 30 anos quando deu a volta ao mundo sozinha em 2017, conta a CNN.

A jovem aterrou esta quarta-feira em Flandres, no aeroporto Kortrijk-Wevelgem, tendo completado 52 mil quilómetros de voo que a levaram a um total de 31 países. Na chegada ao aeroporto belga, a piloto foi acompanhada, segundo a BBC, por quatro aviões dos Diabos Vermelhos da Bélgica, uma equipa de aviação acrobática.

Zara Rutherford tornou-se igualmente a primeira mulher a voar sozinha num avião ultraligeiro e a primeira belga a circum-navegar o globo pelo ar.

O avião, um Shark Aero de dois lugares, é um dos ultraligeiros mais velozes do mundo, capaz de atingir velocidades de 300 quilómetros por hora. O voo podia apenas ser realizado durante o dia, e caso houvesse condições mínimas de visibilidade. Tempestades do deserto, tempestades tropicais, queda de neve e nevoeiro foram alguns dos obstáculos meteorológicos que Zara Rutherford teve de enfrentar, e que a obrigaram a permanecer no solo, na esperança de que o céu limpo voltasse a surgir.

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Eu diria que a parte mais difícil foi sobrevoar a Sibéria, porque estava um frio extremo. Estavam 35 graus negativos no solo… Se o motor parasse, eu estaria a horas de distância de qualquer tipo de ajuda e não sei por quanto tempo sobreviveria”, afirmou a jovem piloto, que considerou, ainda assim, este como um dos melhores pontos do percurso. “É um lugar tão remoto, e eu não sei se alguma vez o poderei ver novamente.”

Os pais de Zara Rutherford também são pilotos e a jovem aprendeu a pilotar um avião com 14 anos, explica o The Guardian. “O sonho era mesmo voar à volta do mundo. Mas sempre pensei que fosse impossível: é dispendioso, perigoso, complicado e um pesadelo logístico”, afirmou a piloto numa entrevista realizada no início deste mês.

Portanto nunca tinha pensado duas vezes no assunto. Mas quando estava quase a terminar o ensino secundário pensei, ‘se vou fazer algo arrojado com a minha vida, este é o momento ideal para tal'”, explicou.

Zara Rutherford levantou voo a 18 de agosto do ano passado, na Bélgica, e pilotou em direção a oeste, tendo parado no Reino Unido, na Gronelândia, na América e por fim na Rússia. Aqui, Zara Rutherford fez um desvio onde diminuiu a latitude, em direção ao sudoeste asiático. Após sobrevoar o Médio Oriente, a jovem fez escala no Egito, tendo rumado depois novamente para a Europa.

No nordeste russo, uma tempestade levou Zara a permanecer na cidade de Magadan durante uma semana, e no mesmo país, num dos pontos mais orientais da Rússia, a piloto teve de conviver durante três semanas com os 800 habitantes de Ayan, uma vila onde quase ninguém falava inglês, e que não possuía internet.

Outros obstáculos fora do acaso da meteorologia também se impuseram durante a viagem. Uma escala na China teve de ser cancelada depois de o país anunciar duas semanas de quarentena para quem visitasse o território. Por este motivo, Zara Rutherford teve de pilotar o seu ultraligeiro numa das rotas mais movimentadas do mundo: a que dá acesso à Coreia do Sul, mas que ao mesmo tempo evita os espaços aéreos da China e da Coreia do Norte.

A maior parte dos dias, porém, envolviam — fora as viagens no ar — tarefas rotineiras de manutenção do seu ultraligeiro. O dia de Natal foi passado em Singapura a “lutar” com um pneu furado, e durante a sua estadia no Alasca, enquanto aguardava pelo visto para poder entrar na Rússia, Zara Rutherford aproveitou para  lidar com algumas pequenas avarias no avião, assim como tratar da burocracia que envolve as candidaturas para a universidade.

A jovem tenciona estudar engenharia eletrónica, e sonha em tornar-se astronauta no futuro. Tendo como modelos a seguir, a pioneira da aviação, Amelia Earhart e a cosmonauta russa Valentina Tereshkova, Zara Rutherford quer encorajar as futuras mulheres do mundo a seguirem áreas relacionadas com a ciência e a engenharia.