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Casa-museu Gainsbourg abre na primavera, em Paris

O nº 5 bis da rue Verneuil, morada de um dos ícones da ‘chanson française’, que adorava vestir a pele de artista “maldito”, está prestes a abrir portas para quem queira recordar ou conhecer o universo Serge Gainsbourg.
18 Janeiro 2022, 07h30

A Maison Gainsbourg não é uma ideia recente. Há anos que está em embrião e era suposto ter aberto ao público em finais do ano passado. Não aconteceu, mas dizem vários meios locais, e o site oficial da casa-museu, que esta primavera é de vez.

A casa onde Serge gainsbourg viveu entre 1969 e 1991, e que os fãs cobriram de desenhos, versos, graffittis e manifestações várias, tem tudo para se tornar num local de culto para quem se interessa pela vida e trabalho do compositor, cantor e também ator. Mas não só, há todo um manancial que pode atrair simples turistas e curiosos, pois além da casa, haverá também um segundo espaço, no nº 14, mais camaleónico: um museu, uma livraria e Le Gainsbarre, que será café durante o dia e piano bar à noite. Juntos, formam a Maison Gainsbourg, a primeira instituição cultural inteiramente dedicada a esta grande figura da composição francesa.

O projeto tem vindo a ser especialmente acarinhado pela filha de Serge Gainsbourg e Jane Birkin, a atriz e modelo Charlotte Gainsbourg. Pouco foi desvendado sobre a visita, exceto a pista que figura no site, i.e., que a visita vai ser áudio-guiada e terá uma duração de trinta minutos. Pode sempre espreitar ir sabendo novidades, ver fotografias ou subscrever a newsletter. Mais perto da inauguração, poderá comprar bilhetes online.

Um artista sem filtro

Filho de judeus russos, veio ao mundo a 2 de abril de de 1928, em Paris. Deram-lhe o nome de Lucien Ginzburg, mas foi como Serge Gainsbourg que o músico, ator, realizador, pintor, poeta e compositor francês ficou para a história.

Estudou arte, dedicou-se à pintura na juventude e, paralelamente, começou a trabalhar como pianista no circuito de cabarés de Paris, tendo acabado por entrar num espetáculo musical, “Milord L’Arsoille”, onde, a contragosto, apareceu no papel de cantor.

Serge Gainsbourg tinha complexos em relação à sua figura física, pelo que apostou em afirmar-se no mundo da música como compositor e produtor. De facto, as tentativas que fez em nome próprio redundaram em fracasso, no que a vendas diz respeito: “Du Chant a la Une” (1958), “L’Ettonnant Serge Gainsbourg” (1961) ou “Gaisnbourg Confidentiel” (1963). As composições para outros artistas, essas sim, vingavam. De Juliette Gréco a Dionne Warwick, passando por Brigitte Bardor, de quem foi amante, e com quem gravou canções como “Bonnie & Clyde”, “Harley Davidson” e “Comic Strip”,  temas-homenagem a diversos símbolos da cultura pop.

B.B. não durou muito na sua vida mas seguiu-se novo arrebatamento, Jane Birkin. O dueto “Je T’Aime… Moi Non Plus”, gravado em 1969 disparou na maior parte dos tops de vendas europeus, mas também foi proibido nalguns países.

Cultivava a imagem do artista ‘maldito’, aparecia em entrevistas e eventos sociais de barba por fazer e de cigarro ao canto da boca. Provocador por excelência, não resistiu a escandalizar uma boa parte da França ao gravar uma versão reggae do hino gaulês.

Nunca abdicou da sua faceta de agent provocateur, mas os êxitos alcançado nos finais da década de 60 não voltariam a repetir-se. “Initials S.G.”, de 2003, cobre os anos de 1958 a 1980 em 23 faixas. É, pois, um “must listen” para quem queira descobrir uma obra que influenciou outros artistas e que marcou indelevelmente a música francesa. Uma experiência que poderá complementar com uma visita à Maison Gainsbourg da próxima vez que for a Paris.

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