A procuradoria de Paris requereu, na quarta-feira, a demissão do ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, acusado de violação desde 2017, indicou hoje aquela entidade judicial.
“Tomamos nota desse pedido de demissão e aguardamos a decisão definitiva da juíza de instrução”, indicaram, por seu lado os advogados do ministro, Mathias Chichportich e Pierre-Olivier Sur.
Neste caso de elevada sensibilidade política, que já foi alvo de longas disputas processuais, cabe agora à juíza de instrução tomar a decisão final.
A magistrada tinha atribuído ao ministro o estatuto de testemunha cooperante no caso em dezembro de 2020, antes de o confrontar, em março, com a queixosa, Sophie Patterson-Spatz, durante nove horas.
Desde a primeira queixa, apresentada em 2017, Patterson-Spatz acusa Darmanin de violação, assédio sexual e abuso de confiança.
Em 2009, a queixosa contactou o deputado, então responsável dos assuntos jurídicos do partido conservador UMP (antigo LR, Os Republicanos), para obter um apoio para rever uma condenação de 2004 de um ex-namorado seu por chantagem e telefonemas mal-intencionados.
Segundo Sophie Patterson-Spatz, Darmanin ter-lhe-á proposto a sua ajuda junto do ministério através de uma carta, em troca de favores sexuais que ela terá aceitado, sentindo-se obrigada a pagar-lhe de alguma forma, como relatou aos investigadores.
Completa a transação, na noite de 17 de dezembro de 2009, Patterson-Spatz escreveu-lhe esta mensagem de texto (SMS):
“Abusar da posição que se tem, na minha opinião, é ser um porco cretino (…). O esforço que tive de fazer para ter sexo contigo, para tratares do meu caso”
Menos de duas horas depois, Darmanin respondeu:
“Tens razão, sou sem dúvida um porco cretino. O que posso fazer para me perdoares?”
Duas queixas simples de Sophie Patterson-Spatz foram já arquivadas, e um juiz de instrução rejeitou, em agosto de 2018, investigar uma terceira queixa com constituição de parte civil.
Mas, em junho de 2020, o tribunal da relação de Paris ordenou a retomada das investigações.
Este caso tornou-se um fardo político para Gérald Darmanin que, criticado desde a sua nomeação para o Governo, no verão de 2020, por muitas vozes – especialmente feministas -, apresentou queixa por denúncia caluniosa.