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NATO e Rússia concordam em manter aberta a via do diálogo

A NATO adverte a Rússia que não comprometerá os princípios da aliança, mas convidou Moscou para novas rondas de negociações face aos temores de intervenção na Ucrânia. A Rússia, mesmo temendo estar a perder tempo, parece ter aceitado.
12 Janeiro 2022, 18h10

O secretário-geral da NATO, o norueguês Jens Stoltenberg, disse que a organização que dirige e a Rússia concordaram em tentar marcar mais rondas de negociação para aliviar as tensões entre as duas partes no meio de uma profunda preocupação de uma possível intervenção armada na Ucrânia.

Falando aos jornais após presidir a uma reunião da com a comitiva da Rússia instalada em Genebra, Suíça, Stoltenberg disse que ambas as partes “expressaram a necessidade de retomar o diálogo e explorar um cronograma para futuras reuniões”.

O secretário-geral, que tem mantido uma intensa atividade diplomática ao longo da semana – disse que os países da NATO querem discutir com a Rússia formas de prevenir incidentes militares perigosos, reduzir o espaço às ameaças cibernéticas e insistir no controlo de armas e no desarmamento, incluindo o estabelecimento de limites para montagem de mísseis.

“Existem diferenças significativas entre os aliados da NATO e a Rússia na questão da Ucrânia”, disse, para caraterizar o encontro com os representantes da Rússia como “uma troca muito séria e direta” de pontos de vista entre a organização que lidera e o vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros Alexander Grushko, que estava acompanhado do vice-ministro da Defesa Alexander Fomin.

“Existe um risco real de novos conflitos armados na Europa”, salientou Stoltenberg, que nos últimos dias tem sido muito severo quando se refere à Rússia. Mas a delegação de Moscovo manteve a sua: o país não tem qualquer intenção de invadir a Ucrânia, sendo a sua única preocupação a da segurança do seu próprio território.

Segundo os jornais, Stoltenberg sublinhou que a Ucrânia tem o direito de decidir por si própria o seu futuro e os eventuais entendimentos de segurança com a NATO e que a organização manterá a porta aberta à entrada de novos membros. “A Rússia não tem poder de veto” na matéria, recordou.

Stoltenberg disse ainda que a NATO deixou claro que está pronta para abordar o tema dos mísseis, mas que a a Rússia terá dito que “não estava pronta” para levar essa conversa por diante.

A Rússia acusou a NATO de não avaliar a urgência de suas imposições e não está interessada em permitir que as negociações se arrastem indefinidamente – e recordou que a organização tinha 16 membros no final da Guerra Fria tendo agora 30 – incluindo um grande grupo de ex-estados comunistas da Europa Central e Oriental.

Este Conselho NATO-Rússia é a primeira reunião de ambas as partes em mais de dois anos, desde julho de 2019. O fórum foi criado há duas décadas, mas as reuniões foram interrompidas quando a Rússia aceitou anexar a Península da Crimeia em 2014.

Antes do encontro desta quarta-feira, a NATO havia realizado uma cimeira de membros da organização, finda a qual Jens Stoltenberg, disse que “as ações agressivas da Rússia prejudicam seriamente a segurança na Europa. A NATO continua empenhada na sua abordagem de duas vias à Rússia: forte dissuasão e defesa, combinada com diálogo. É um sinal positivo que a Rússia esteja agora preparada para vir conversar, porque quando as tensões são altas, o diálogo é ainda mais importante”.

“Estamos a consultar outros parceiros importantes, como a Geórgia, a Moldávia, a Finlândia e a Suécia, bem como a União Europeia”, disse o secretário-geral, nomeando assim o grupo de quatro países que podem estar próximos de pedirem a sua adesão à NATO. Se isso suceder, novos problemas surgirão, nomeadamente no que tem a ver com a Geórgia, país-chave na correlação de forças no Mar Negro.

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