Economia

Inflação na China sobe para 2,3% em novembro, um máximo de 16 meses

Inflação na China sobe para 2,3% em novembro, um máximo de 16 meses
ALEX PLAVEVSKI

A variação de preços no consumidor acelerou em novembro para 2,3%, o nível mais alto desde agosto do ano passado, mas, mesmo assim, ainda abaixo do objetivo de controlo dos preços em 3% fixado pelo governo de Pequim. No entanto, à saída de fábrica, o disparo nos preços na produção abrandou

A trajetória de subida da inflação na China prosseguiu em novembro, com a primeira estimativa do Gabinete Nacional de Estatísticas, publicada esta quinta-feira em Pequim, a apontar para 2,3% em novembro, uma aceleração em relação a outubro (1,5%). Trata-se da variação homóloga, ou seja, em relação ao mesmo mês do ano anterior.

Aquele nível de inflação é o mais elevado desde agosto do ano passado, mas está ainda distante do objetivo de controlo de preços em 3% em 2021 fixado pelo governo de Pequim. Claramente acima desse limiar de 3% foram os disparos em novembro nos vegetais frescos (30,6%), nos ovos (18%), pescado (8,5%) e nos transportes e comunicações (7,6%). Recorde-se. uma vez mais, que são variações em relação a novembro do ano passado. São componentes fundamentais da vida do dia a dia da população chinesa. No entanto, a contrabalançar, o preço da carne de porco, outro elemento essencial da dieta alimentar chinesa, caiu 32,7%.

As bolsas chinesas e de Hong Kong fecharam esta quinta-feira em terreno positivo. Os juros da dívida chinesa a 10 anos mantêm-se abaixo de 3%.

A inflação na China tem estado a acelerar desde setembro, mas recorde-se que nos dois primeiros meses do ano foi negativa, ou seja, a economia chinesa esteve em deflação (quebra de preços).

Apesar da trajetória de subida nos últimos quatro meses, a inflação na China, em novembro, está muito abaixo da registada para a zona euro (4,9%) ou para os Estados Unidos (onde se antevê que a inflação atinja um pico perto de 7% em novembro, na estimativa que será publicada na sexta-feira).

Pressão sobre os preços na produção abranda

No entanto, os preços na produção registaram em novembro uma subida de 12,9%, inferior ao pico de 13,5% atingido em outubro. segundo as estimativas publicadas também esta quinta-feira pelo Gabinete Nacional de Estatísticas. Os preços na produção tinham estado a subir desde junho consecutivamente até um máximo de 26 anos em outubro.

Depois deste pico, o governo de Pequim exerceu um controlo apertado sobre os preços na produção, quer nas matérias-primas, como nos custos de extração e de processamento, refere o Gabinete Nacional de Estatísticas.

A título comparativo, refira-se que a variação nos preços na produção em outubro foi muito mais baixa nos Estados Unidos, Reino Unido e Japão, mas muito mais elevada em várias economias do euro (81,9% na Holanda, 34,5% na Bélgica, 31,8% em Espanha, 27,7% na Holanda, 17,5% na Alemanha, 19% em Portugal).

Prioridade: Cortar nos rácios obrigatórios para os bancos

A política monetária na China afirma-se, na atual conjuntura de pandemia, como conservadora, não seguindo a matriz de gestão de programas massivos de compra de dívida do Tesouro (como nos casos da Reserva Federal norte-americana ou do Banco Central Europeu) ou mexidas significativas na taxa diretora do banco central (como os cortes repetidos que os bancos centrais de muitas economias emergentes estão a fazer este ano).

O Banco Popular da China (PBOC) cortou a taxa diretora para 3,85% em abril do ano passado (que estava acima de 4% ao longo de 2019) e não voltou a mexer nela. A prioridade na gestão da política monetária centra-se na alteração do rácio das reservas obrigatórias para os bancos.

Ao longo deste ano, o PBOC cortou o rácio em julho e agora, com entrada em vigor a partir de 15 de dezembro. Nos dois casos, o corte foi de 50 pontos-base (0,5 pontos percentuais). A partir de meados deste mês, o rácio terá descido para 8,4%, o que permitirá aos bancos libertar para os empréstimos à economia o equivalente a cerca de €160 mil milhões (ao câmbio atual). Nas duas operações deste ano, a libertação de liquidez será equivalente a €290 mil milhões (mais do que o PIB português em 2020).

O corte no rácio decidido agora, veio na sequência de declarações do primeiro-ministro chinês Li Keqiang de que os bancos iriam suportar a recuperação económica, que abrandou no terceiro trimestre para 4,9%. É, em certa medida, uma política monetária de estímulos, ainda que não usando as ferramentas das compras de ativos ou as descidas na taxa diretora.

No entanto, complementarmente, o banco central decidiu, esta semana, reduzir as taxas de refinanciamento aos bancos comerciais, tendo cortado em 25 pontos-base (0,25 pontos percentuais) as taxas aplicáveis às linhas de refinanciamento e 12 meses (desceu para 2%)., seis meses (desceu para 1,9%) e a três meses (desceu para 1,7%).

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