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FC Porto

Cumprir a tradição para começar um mês de alta exigência

Pelo 14.º jogo seguido, o FC Porto derrotou (3-0) o Portimonense. Num duelo claramente dominado pela equipa de Conceição, um auto-golo de Pedro Sá - novamente com influência de Luis Díaz -, o primeiro tento de Vitinha pela equipa principal e outro de Otávio deram o triunfo aos "dragões", que assim iniciam um dezembro de grandes embates da melhor forma

Pedro Barata

LUÍS FORRA/Lusa

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Não é novidade para ninguém que dezembro é mês de tradições. As compras de Natal eternamente adiadas, as mesmas músicas de sempre, o compromisso com projetos e mudanças que, muitas vezes, acabam por não se cumprir. E, fiel ao espírito do mês, o FC Porto quis começá-lo vincando tradições.

A equipa de Sérgio Conceição venceu, fora, o Portimonense por 3-0, na 14.ª vitória seguida dos "dragões" contra os algarvios. Desde 1987 que o conjunto de Portimão não sabe o que é bater os azuis e brancos, numa tendência negativa que é seguida pelo seu técnico: Paulo Sérgio defrontou o FC Porto pela 14.ª vez e continua sem conhecer o sabor do triunfo.

No Algarve, os visitantes superiorizaram-se com naturalidade e chegaram às oito jornadas seguidas a vencer, no melhor tónico antes de semanas de alta exigência. Até ao final de 2021, o FC Porto decidirá a continuidade na Liga dos Campeões, no próximo compromisso da equipa frente ao Atlético de Madrid, receberá o Sporting de Braga e defrontará duas vezes o Benfica, ditando um desses embates a saída de um dos conjuntos da Taça.

Para a obtenção de três pontos que acentuam o bom momento da equipa na I Liga, muito contribuiu uma das duas mexidas de Conceição no onze. Se Manafá cumpriu no lugar do lesionado João Mário, Vitinha provou que, aos 21 anos, possui um futebol de maturidade assinalável. Num encontro que, sobretudo na primeira parte, teve momentos de grande pressão e ausência de espaços, o médio teve sempre a calma e o critério para circular a boa com sentido, pautando o ritmo do futebol ofensivo do FC Porto.

Embalado por três vitórias seguidas sem sofrer golos, o Portimonense começou bem o jogo. Com três centrais, a equipa da casa foi a primeira a criar perigo, quando aos 6' Fabrício não conseguiu bater Diogo Costa. Poderia ser o aviso para mais problemas para a defesa dos visitantes, mas a realidade foi bem diferente.

Depois deste susto inicial, o FC Porto partiu para minutos de clara superioridade. As defesas eficazes de Samuel, os cortes providenciais de Pedrão ou alguma precipitação dos visitantes evitaram o 1-0, mas os movimentos de ruptura de Otávio e Taremi e, sobretudo, as arrancadas de Luis Díaz pareciam armas para as quais a equipa de Paulo Sérgio não tinha resposta.

Depois de várias ameaças, o FC Porto abriu mesmo o ativo em cima do intervalo, num lance de felicidade no qual o suspeito do costume voltou a ser protagonista.

LUÍS FORRA/Lusa

Após nova arrancada de Luis Díaz, Evanilson ganhou uma falta em cima da área. Sem Sérgio Oliveira, foi o colombiano o responsável pela marcação do livre. O remate de Díaz passou, sem parecer levar uma forte ameaça para a baliza local, à frente do pé de Pedro Sá, que não resistiu a esticá-lo, traindo o seu guarda-redes e fazendo o 1-0. A Liga considerou auto-golo do médio do Portimonense, que assim levava as equipas para os balneários com o FC Porto na frente.

Para a etapa complementar, Paulo Sérgio optou por retirar Pedro Sá e colocar Luquinha, desfazendo assim a sua linha de três centrais: Williyan passou a jogar à frente da defesa, com o recém-entrado e Carlinhos como médios interiores. A aposta parecia ser munida de intenção ofensiva, mas o que se viu foi um acentuar da superioridade visitante.

Com mais espaços para explorar, o FC Porto insistiu nas suas movimentações agressivas, com muito ênfase na busca pela zona entre central e lateral. Mbemba, Otávio e Fábio Cardoso ameaçaram o 2-0, só assustando o Portimonense através de um remate de Candé defendido por competência por Diogo Costa.

À entrada para os últimos 20 minutos, era legítimo pensar nas palavras de Conceição, que se havia queixado da falta de eficácia dos seus homens. A margem mínima era um resultado curto, mas os "dragões" trataram de corrigir isso rapidamente.

Aos 70', Vitinha saiu de um momento de pressão da equipa da casa com a sua habitual classe. Onde outros entrariam no duelo ou na disputa física, o médio picou a bola por cima de um adversário, iluminando o caminho para um contra-ataque. Alguns segundos depois, Vitinha culminaria a acção na área rival, fintando um defesa para se estrear a marcar pela equipa principal do FC Porto.

LUÍS FORRA/Lusa

Com o 2-0, o Portimonense pareceu ausentar-se da partida, com algumas perdas de bola comprometedoras. Numa delas, Taremi, que aumentou sete a série de partidas sem marcar, assistiu Otávio, que, com classe, fez a bola sobrevoar sobre Samuel, fazendo o 3-0 final.

Nos derradeiros minutos do duelo, Corona e Pepê estiveram perto de aumentar a vantagem dos "dragões", mas nem o mexicano nem o brasileiro conseguiram um golo que desse algum colorido a temporadas que, para já, estão a ser discretas.

A oitava jornada seguida do FC Porto a ganhar - e a 41ª sem perder - evidencia o bom momento dos homens de Conceição, que cada vez mais parece ter motivos para dar as chaves do seu meio-campo a Vitinha. Na antecâmara de vários embates de exigência máxima, os "dragões" fizeram questão de vincar que, em dezembro, as tradições são para cumprir.