Se estamos nesta confusão no último dia antes da votação na generalidade, que decide o Orçamento, é simplesmente porque, ao não cumprir muitos dos acordos anteriores, o Governo criou uma desconfiança enraizada, mas também porque discutir um Orçamento em corrida num par de semanas é garotice, tanto mais quanto permanecem tabus irrevogáveis para o Governo, considera Francisco Louçã
Ao ouvir a líder parlamentar do PS, repetida pelo ministro das Finanças e outros, anunciar que a falta de acordo sobre o Orçamento entrega o país “às mãos da direita”, lembrei-me de um filme de Woody Allen, Match Point, em que o criminoso não sabe se o seu ato vai ser descoberto ou ficará ocultado, como se fosse uma bola de ténis que, por um fugaz instante, se sustenta em cima da rede, não se adivinha para que lado cairá. Um passe de mágica desse tipo foi ontem evocado, embora num caso conclusivamente (por Jerónimo de Sousa) e noutro soturnamente (o inevitável Carlos César com a sua magia negra). Ora, a incerteza da bola de ténis vem de algum lado e vale a pena perceber como se instalou, ou como leva a dirigente do PS a proclamar a sua derrota antecipada.
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