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Deputado do PS vê direita “legitimamente ensalivada pela retoma do poder”

André Pinotes Batista critica bloquistas e comunistas por irem chumbar o Orçamento do Estado “mais ‘canhoto'” do século XXI. Também na bancada socialista, o líder da JS, Miguel Costa Matos, recorre a um poema para apelar a que a esquerda “faça da queda um passo de dança”.
  • André Pinotes Batista
26 Outubro 2021, 12h20

A iminência do chumbo da proposta de Orçamento do Estado para 2022 levou vários deputados socialistas a criticarem os antigos parceiros de “geringonça” por anunciarem o voto contra logo na generalidade e a lançarem alertas para o que admitem ser o regresso do centro-direita ao poder, seis anos após o segundo executivo de Pedro Passos Coelho, sem maioria absoluta após as legislativas de 2015, ter sido derrubado na Assembleia da República pelos grupos parlamentares do PS, Bloco de Esquerda, PCP e PEV e pelo então deputado único do PAN.

O deputado André Pinotes Batista defendeu no Twitter na manhã desta terça-feira, poucas horas antes do início do debate parlamentar que culminará na votação da proposta orçamental, agendada para a tarde de quarta-feira, que “o mais ‘canhoto’ Orçamento do Estado do século” contará com os votos contra do PCP e do Bloco de Esquerda, “sob o esgar de uma direita legitimamente ensalivada pela retoma do poder”.

Numa longa sucessão de textos em que aponta o “significativo aumento do investimento público”, o “forte reforço do Serviço Nacional de Saúde”, o “aumento dos rendimentos dos portugueses”, a “aposta recorde na Educação” ou a “gratuitidade progressiva das creches” como motivos para que os partidos mais à esquerda aprovassem a proposta de Orçamento do Estado na generalidade, o socialista eleito pelo círculo de Setúbal termina dizendo que “ainda temos dois dias para que a racionalidade impere”.

No entanto, André Pinotes Batista também refere que é impossível o PS abdicar do rigor orçamental para fazer maiores cedências aos grupos parlamentares à sua esquerda. Isto porque, apesar de parte das regras do Tratado de Lisboa quanto aos défices orçamentais estarem suspensas e os juros em mínimos históricos, “não vai ser sempre assim”.

Num registo literalmente mais poético, o também deputado e presidente da Juventude Socialista (JS) Miguel Costa Matos citou nesta terça-feira um poema de Fernando Sabino em que se exprime “a certeza de que é preciso continuar” e apela a que “façamos da interrupção um caminho novo” e “da queda um passo de dança”.

Tal como já foi dito pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o chumbo da proposta de Orçamento do Estado para 2022 dará lugar à dissolução da Assembleia da República e à convocação de eleições legislativas antecipadas. Tendo em conta que os prazos da legislação eleitoral apontariam para uma data na época natalícia, o cenário mais provável será, a confirmar-se esse cenário, o segundo domingo de 2022, 9 de janeiro.

 

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