O Governo e o Bloco de Esquerda voltaram a não chegar a acordo sobre o Orçamento do Estado.
De acordo com o partido, na reunião deste sábado, o Executivo não realizou qualquer nova aproximação às propostas do Bloco de Esquerda.
O Bloco diz que, ao manter-se este quadro, a Comissão Política vai propor à Mesa Nacional, que se reúne este domingo, a orientação de voto contra o Orçamento do Estado para 2022.
No entanto, o BE não fecha a porta e disse ao Governo que está disponível, até à votação na generalidade, para continuar a negociar.
Na sexta-feira, o líder parlamentar do BE já tinha considerado que as respostas do Governo às nove propostas orçamentais eram inexistentes ou insuficientes, criticando a falta de empenho e vontade do executivo cujo otimismo sobre as negociações não partilha.
O primeiro-ministro, António Costa, recebeu este sábado também o PCP para tentar chegar a acordo para a viabilização do Orçamento do Estado para o próximo ano.
A quatro dias da votação do documento na generalidade, e já com o voto contra garantido pela direita, o PS ainda não fechou acordo com a esquerda que, neste momento, é única saída que o Governo tem para viabilizar o Orçamento.
O BE e o PCP insistiram ao longo da semana que só votarão a favor se o Orçamento contemplar uma série de medidas que consideram essenciais.
A Comissão Política do PS comprometeu-se, por escrito, a proceder a um aumento extraordinário das pensões até ao valor de 1.097 euros a partir de janeiro e a aumentar o mínimo de existência em 200 euros. Nas pensões, o PS comprometeu-se ainda a "eliminar a penalização relativa ao fator de sustentabilidade a partir dos 60 anos para todos os indivíduos com mais de 80% de capacidade durante pelo menos 15 anos".
Estas medidas foram transmitidas por António Costa na reunião da Comissão Política do PS, que deu mandato para que "prossigam as negociações com o BE, o PCP, o PAN, o PEV e as deputadas não inscritas" para a viabilização da proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2022.
Na mesma reunião partidária, o secretário-geral do PS e primeiro-ministro, António Costa, afirmou que os socialistas não desejam eleições legislativas antecipadas e que tudo farão para as evitar na atual conjuntura do país, mas avisou também que o seu partido não teme eleições.
"Não desejamos eleições, mas não tememos eleições. Devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance, mas não pode ser a qualquer preço", frisou.
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