Trabalho de imigrantes em Odemira dá-lhes acesso ao “visto framboesa”, diz canal franco-alemão

Nova reportagem salienta que Portugal oferece passaporte e cartão de cidadão aos imigrantes que trabalhem sete anos nas estufas de Odemira e tenham as contas em dia com a Segurança Social e as Finanças.

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Jose Fernandes

O Movimento Juntos pelo Sudoeste revelou nesta sexta-feira que o canal de televisão franco-alemão de serviço público, Arte (Association Relative à la Télévision Européenne), com sede em Estrasburgo, destacou na sua emissão de 18 de Outubro, uma reportagem sobre a produção de frutos vermelhos nas estufas de Odemira. Nos depoimentos recolhidos, a equipa de reportagem deu ênfase à “oferta” que o Estado português propõe aos imigrantes da Índia, Nepal, Tailândia, Paquistão e Bangladesh que fazem a recolha de framboesas: ao fim de sete anos de trabalho ininterrupto, com pagamentos em dia à Segurança Social e às Finanças e a aprendizagem da língua portuguesa, obtém o passaporte e a cidadania portuguesa. A reportagem diz que é o "visto framboesa”. 

Em Agosto foi a vez do Der Spiegel dar conta da situação destes trabalhadores no sudoeste alentejano.

Um dos trabalhadores de nacionalidade indiana disse que com um passaporte português pode entrar em 186 países “sem problemas”. Com este objectivo em vista, e depois de pagarem aos engajadores no país de origem verbas avultadas, chegam todos os anos a Portugal como turistas cerca de 20 mil imigrantes. “Portugal é uma porta de entrada na Europa”, sublinhou o canal Arte.

A equipa de reportagem conseguiu recolher imagens no interior de uma das explorações de framboesas de Odemira que envia a sua produção para a Europa central e países nórdicos. O seu responsável garantiu que a colocação do seu produto nestes mercados “está a correr bem.”

Na sua empresa, a cada trabalhador é atribuído um número que acompanha as caixas onde deposita a fruta que recolhe. O tempo gasto na recolha é registada, assim como o estado em que se encontram os frutos. Numa hora, cada trabalhador tem de apanhar, pelo menos, 3,5 quilos de framboesa e recebe um salário de 4 euros.

Para recolher entre 500 a 700 quilos de framboesa por dia e por hectare, “são necessários entre 15 a 20 trabalhadores”. O número varia consoante as médias da apanha. O processo está dependente da “eficiência das pessoas a quem pagamos em função da sua produtividade”, diz o responsável de uma das empresas. Por outras palavras: se a média de apanha de frutos for inferior a 3,5 quilos o trabalhador perde o seu posto de trabalho.

“Há trabalhadores que no mesmo sítio apanham entre 6 a 7 quilos de fruta e outros recolhem apenas dois”, exemplifica o gestor da exploração, frisando que este modelo de produção obriga “a pagar à hora”.

E disse desconhecer se as pessoas que para si trabalham chegaram legalmente a Portugal. No entanto, garante que “estão registados e pagam impostos e sei que as empresas a quem pago a mão-de-obra subcontratada lhes pagam” os salários.

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